A Origem do Dia do Sertanejo
O Dia do Sertanejo surgiu na cidade de Aparecida – SP, em 3 de maio de 1964, como uma homenagem à cultura e à fé dos romeiros e artistas populares do interior do Brasil. Com o tempo, a data ganhou amplitude e passou a representar a celebração da tradição do povo sertanejo, forjada nos sertões do Nordeste.
Muito além da música de raiz, o sertanejo é símbolo de resistência, fé e identidade nacional. E foi no Ceará, entre o final do século XVII e o início do século XVIII, que essa cultura começou a ser moldada.
Sertanejo Cearense: Nascido na Ribeira do Jaguaribe
A formação do povo sertanejo cearense teve início em 1682, com a instalação das primeiras fazendas de gado ao longo da Ribeira do Jaguaribe, entre Aracati e Icó, consolidando-se entre o Boqueirão do Cunha e a Vila do Icó. A partir dessas margens férteis, o modelo de ocupação se espalhou pelas demais ribeiras, ocupando todo o sertão cearense.
Esse processo foi protagonizado por lusos-brasileiros e povos escravizados, principalmente índios e negros, num ambiente hostil marcado pela disputa de terras, secas severas e resistência indígena. Ali nascia, pouco a pouco, a Civilização do Couro, símbolo da vida sertaneja.
Quem é o Sertanejo?
A resposta mais célebre foi eternizada por Euclides da Cunha, em sua obra-prima “Os Sertões” (1902), ao relatar o Massacre de Canudos:
“O sertanejo é, antes de tudo, um forte.”
Essa frase tornou-se o maior elogio à resiliência do povo do sertão, que enfrenta a seca, a fome, a miséria, a injustiça e o abandono, mas segue de pé, com fé no amanhã e dignidade no olhar. Moldado pelo clima severo e pelas relações desiguais de poder, o sertanejo se impôs como pilar da identidade nordestina e brasileira.
A Forja do Povo Sertanejo
O sertanejo cearense nasceu sob o roncar do bacamarte e o tilintar da peixeira. Viveu entre feras selvagens, a resistência dos povos originários e a dureza das relações de poder, onde os potentados ditavam as regras e o povo resistia como podia.
Era um mundo de compadrio ou dominação pela força, onde a honra era defendida com faca na cintura e palavra firme. E mesmo nesse cenário de violência e escassez, floresceu um povo com valores profundos, que construiu casas, igrejas, currais e comunidades inteiras com suas próprias mãos.
Dia do Sertanejo: Reconhecer é Honrar
Celebrar o Dia do Sertanejo é reconhecer a dignidade de quem moldou o sertão com suor, fé e coragem. É olhar para o chão rachado e ver nele a raiz de um Brasil que ainda pulsa fora dos grandes centros. Um povo que resiste com a alma, que canta com o peito aberto e que, mesmo com pouco, nunca perde a grandeza.
Coluna escrita poe Sérgio Barreto – Engenheiro Agrônomo e pesquisador da história jaguaribana.
📺 Comenta aqui, compartilhe e fique ligado na TV Portal AgroMais para mais histórias sobre o Sertão e suas raízes!
