O mercado de leite no Brasil está sinalizando uma nova alta nos preços pagos aos produtores, contrariando as previsões iniciais de queda. Conforme aponta o boletim de setembro do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), até o início de agosto, esperava-se que os preços caíssem, apoiados pela expectativa de uma produção em crescimento, graças ao aumento das margens dos produtores, além de uma demanda ainda sustentada pelos preços mais baixos nas prateleiras. Além disso, as importações de lácteos, que vinham em volumes elevados, também exerciam pressão sobre os preços ao longo da cadeia de produção.
No entanto, os dados mais recentes mostraram uma realidade diferente. Em julho, o preço do leite captado registrou uma queda de 1,5%, fechando a “Média Brasil” em R$ 2,7225/litro. Agora, com a oferta de leite crescendo menos do que o esperado, o Cepea projeta que os valores pagos aos produtores podem voltar a subir nos próximos meses.
A pesquisa conjunta Cepea-OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) também revelou que, em agosto, alguns derivados lácteos apresentaram queda nos preços. O leite UHT, por exemplo, caiu 3,55%, enquanto o leite em pó de 400g registrou uma diminuição de 1,92%. Entretanto, o comportamento da muçarela foi oposto, com uma valorização de 1,88%, fazendo o quilo atingir o valor de R$ 32,01.
Outro ponto importante destacado pelo boletim foi a redução das importações brasileiras de lácteos. Em agosto, as importações caíram 25,19% em comparação a julho e 4,6% em relação ao mesmo período de 2022. As exportações, por outro lado, despencaram 57,14% no comparativo mensal, evidenciando uma desaceleração no comércio internacional de lácteos. Apesar disso, o déficit na balança comercial de lácteos caiu 23,9%, totalizando 183,6 milhões de litros em equivalente leite, com um saldo negativo de US$ 81 milhões.
No que diz respeito aos custos de produção, o boletim do Cepea destacou que o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira permaneceu estável em agosto, apresentando uma leve queda de 0,09% em relação ao mês anterior. No acumulado de 2024, o COE apresenta uma redução de 0,77%.
Com esses movimentos no mercado, o setor leiteiro se prepara para enfrentar possíveis novas elevações nos preços pagos ao produtor, especialmente em função da oferta de leite aquém do esperado e das variações nas importações. O cenário de incerteza pode impactar tanto produtores quanto consumidores, que devem observar flutuações nos preços de produtos lácteos nas prateleiras nos próximos meses.