Silvia Massruhá, presidente da Embrapa, visitou o Sistema Agroflorestal de Tomé-Açu (SAFTA) no Pará, considerado uma referência mundial em sustentabilidade pela FAO/ONU. A visita fez parte das comemorações pelos 85 anos de pesquisa agropecuária na Amazônia. Acompanhada por Cleino Pillon, diretor de pesquisa, e gestores da Embrapa Amazônia Oriental, Massruhá conheceu a trajetória do SAFTA, desde as primeiras experimentações dos agricultores japoneses até a industrialização de frutas tropicais e exportação de produtos sustentáveis.
História do SAFTA e Parceria com a Embrapa
Tomé-Açu, no nordeste do Pará, abriga a terceira maior colônia japonesa do Brasil. A Cooperativa Mista de Tomé-Açu (CAMTA) foi fundada em 1929 por imigrantes japoneses que começaram cultivando cacau, hortaliças e arroz. Em 1930, investiram na pimenta-do-reino, tornando o Brasil o maior exportador mundial dessa cultura. A doença Fuzariose, que dizimou os pimentais, levou os agricultores a diversificar os sistemas de produção, criando o SAFTA, citado no Relatório O Estado das Florestas no Mundo 2022 da FAO.
Alberto Oppata, presidente da CAMTA, enfatizou a importância da parceria com a Embrapa no desenvolvimento de técnicas de manejo, modelagens e materiais genéticos de qualidade, aprimorando o sistema agroflorestal ao longo de 40 anos.
Campo Experimental da Embrapa em Tomé-Açu
O Campo Experimental da Embrapa em Tomé-Açu, apoiado inicialmente pelo governo japonês e posteriormente doado à Embrapa pela JICA, abriga diversos experimentos e cultivares. A presidente e o diretor plantaram mudas de árvores simbolizando a restauração produtiva das florestas: uma acapau (Vouacapoua americana) e uma castanheira-do-brasil (Bertholletia excelsa).
A comitiva também visitou a propriedade de Michinore Konagano, pioneiro na integração de culturas anuais, perenes e criação de pequenos animais. A propriedade, modelo de sucesso do SAFTA com 230 hectares, produz uma variedade de frutas e hortaliças ao longo do ano, além de criar animais. Michinore destacou que o sucesso vem da persistência e diversificação das culturas, que beneficiam o solo e o meio ambiente.
Legado e Sustentabilidade
Silvia Massruhá destacou a importância de comunicar ao mundo o legado dos sistemas agroflorestais na Amazônia, que promovem a inclusão socioprodutiva, gerando renda e melhorando a qualidade de vida sem desmatamento. Ela enfatizou que esses sistemas são reconhecidamente eficientes econômica e ambientalmente, inspirando e fortalecendo a ciência frente aos desafios das mudanças climáticas e da produção sustentável de alimentos.
Clenio Pillon, diretor de pesquisa, destacou que o SAF será uma das vitrines da pesquisa na COP 30, mostrando a eficiência dos processos naturais para reduzir a dependência de insumos externos e promover a sustentabilidade. Walkymário Lemos, chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, reforçou a importância das parcerias históricas na construção de soluções sustentáveis na produção de alimentos, respeitando o meio ambiente e os saberes tradicionais.
A visita da presidente da Embrapa ao SAFTA em Tomé-Açu reforça a importância da pesquisa e parcerias na promoção de sistemas agroflorestais sustentáveis, valorizando o conhecimento tradicional e contribuindo para a conservação da biodiversidade e a melhoria da qualidade de vida dos agricultores na Amazônia.