Em julho, entre as oito capitais analisadas, Fortaleza destacou-se ao registrar o quarto maior recuo nos preços da cesta básica. A pesquisa, realizada pela plataforma Cesta de Consumo HORUS & FGV IBRE, monitorou a oscilação dos preços dos itens que compõem a cesta básica em diversas capitais brasileiras. Com uma variação negativa de apenas 0,4% no mês, Fortaleza ficou à frente de Salvador, Belo Horizonte, Brasília e Manaus, que apresentaram alta nos preços dos alimentos. As capitais que lideraram a deflação foram Curitiba (-12,3%), Rio de Janeiro (-7,1%) e São Paulo (-3,7%).
No cenário nacional, o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) já havia reportado uma queda histórica de 1% na variação de preços, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o menor valor registrado desde agosto de 2017.
Em Fortaleza, alguns produtos impediram uma deflação mais significativa na cesta básica, como o ovo (+7,5%), legumes (+3,6%), frango (+1,3%), café (+1,4%) e manteiga (+1%). Por outro lado, itens como fubá e farinhas de milho (-2,9%), açúcar (-2,5%), margarina (-1,6%) e feijão (-1,2%) apresentaram as maiores quedas de preços.
Impacto do ICMS e fortalecimento da Agroindústria no Ceará
Apesar da leve queda nos preços, o presidente do Sindialimentos Ceará, Isaac Bley, destaca que fatores como o aumento da carga tributária e a valorização do dólar continuam a influenciar o custo dos alimentos. “O ICMS passou de 18% para 20%, e o dólar mais alto impacta a inflação, especialmente no setor alimentício, onde muitas empresas dependem de insumos e equipamentos importados”, explica Bley. Ele também enfatiza a capacidade das indústrias alimentícias de manter certa estabilidade nos preços, graças à resiliência econômica e à inovação nas estratégias de produção. “Essa reinvenção das indústrias tem ajudado a evitar perdas, criando um cenário mais favorável para o consumidor final.”
Dados do Sindialimentos indicam que, até maio deste ano, o Ceará registrou um aumento de 2,2% na produção industrial de alimentos. Este crescimento foi um dos fatores que contribuíram para manter a variação do IPCA na Região Metropolitana de Fortaleza abaixo da média nacional no setor de alimentação e bebidas (+0,24% em Fortaleza contra +0,44% no Brasil). A menor dependência de produtos importados reflete a importância crescente da agroindústria no PIB cearense.
Um dos segmentos que impulsionou essa estabilidade nos preços foi o plantio de trigo no sul do Ceará. Devido às condições climáticas adversas em outras regiões do país, a expansão desse cultivo no estado tornou-se uma alternativa viável, em contraste com a produção predominante nas regiões Centro-Oeste e Sul.