O mercado brasileiro de insumos biológicos tem experimentado um crescimento acelerado nos últimos anos, impulsionado por uma combinação de fatores, como a crescente conscientização sobre a importância da preservação ambiental, o avanço da agricultura sustentável e o apoio de políticas governamentais focadas na inovação. Com uma área plantada que alcançou 81,982 milhões de hectares em 2023, os produtos biológicos, em especial os biocontroles, têm ganhado cada vez mais relevância no cenário agrícola do Brasil. De acordo com dados apresentados por Wu Yuhong, da empresa de pesquisa Kynetec, e Alessandro Cruvinel, do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), durante o evento Biopesticides, Biostimulants and Biofertilizers Summit (BioEx 2024), a participação de mercado dos biocontroles cresceu de 1% em 2018 para 4% em 2023, com um impressionante crescimento anual composto (CAGR) de 38%. Esse setor alcançou um valor de mercado de US$ 808 milhões, sendo que a cultura da soja respondeu por 55% desse total. O uso de biocontroles é visto como uma alternativa eficaz e sustentável para combater pragas e doenças, reduzindo a dependência de produtos químicos e diminuindo o impacto ambiental da agricultura. Outro destaque do mercado de insumos biológicos no Brasil é o crescimento expressivo dos bioestimulantes. Esses produtos, que ajudam a melhorar o desenvolvimento das plantas e a produtividade das lavouras, têm se tornado cada vez mais populares entre os produtores de soja. Em 2023, a área de soja tratada com bioestimulantes passou de 28%, em 2020, para 39%, refletindo o aumento da adoção dessas soluções biológicas. O valor de mercado dos bioestimulantes para a soja também dobrou nesse período, atingindo US$ 222 milhões. Esse aumento reflete tanto o sucesso desses insumos na produção agrícola quanto a confiança crescente dos produtores na sua eficácia. O governo brasileiro tem desempenhado um papel crucial no estímulo a essa expansão do mercado de biológicos. Programas como o Programa Nacional de Bioinsumos têm sido fundamentais para promover a adoção desses produtos entre os agricultores, incentivando práticas agrícolas mais sustentáveis. O programa também busca fomentar a inovação através de parcerias estratégicas entre universidades, institutos de pesquisa e empresas privadas, criando um ambiente propício para o desenvolvimento de novas soluções biológicas. Além disso, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) lançou um aplicativo que facilita o acesso a informações sobre produtos biológicos registrados no Brasil, tornando mais fácil para os produtores encontrar e adquirir esses insumos. No entanto, apesar do crescimento impressionante do mercado de produtos biológicos no Brasil, ainda há desafios a serem superados. Muitos agricultores ainda demonstram certa desconfiança em relação à eficácia dos biocontroles, em parte porque esses produtos costumam ter uma vida útil mais curta que os agroquímicos tradicionais. Além disso, a necessidade de mais pesquisa e desenvolvimento no setor continua a ser uma prioridade para garantir que os biocontroles possam competir em pé de igualdade com os químicos, tanto em termos de eficácia quanto de durabilidade. Mesmo com esses desafios, as perspectivas de crescimento para o setor de biológicos no Brasil são extremamente otimistas. A previsão é de que a taxa de crescimento dos produtos biológicos continue superando a dos produtos químicos, consolidando ainda mais o Brasil como um importante centro de inovação agrícola. Esse crescimento reforça o papel do país como líder global em desenvolvimento sustentável, mostrando que é possível equilibrar o aumento da produtividade agrícola com a preservação ambiental. Com o apoio contínuo do governo, avanços tecnológicos e a crescente demanda por produtos mais sustentáveis, o mercado brasileiro de insumos biológicos está no caminho certo para se tornar um dos principais atores globais nesse setor, beneficiando tanto a economia quanto o meio ambiente.
Produção de Leite Abaixo do Esperado Pode Impulsionar Preços ao Produtor
O mercado de leite no Brasil está sinalizando uma nova alta nos preços pagos aos produtores, contrariando as previsões iniciais de queda. Conforme aponta o boletim de setembro do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), até o início de agosto, esperava-se que os preços caíssem, apoiados pela expectativa de uma produção em crescimento, graças ao aumento das margens dos produtores, além de uma demanda ainda sustentada pelos preços mais baixos nas prateleiras. Além disso, as importações de lácteos, que vinham em volumes elevados, também exerciam pressão sobre os preços ao longo da cadeia de produção. No entanto, os dados mais recentes mostraram uma realidade diferente. Em julho, o preço do leite captado registrou uma queda de 1,5%, fechando a “Média Brasil” em R$ 2,7225/litro. Agora, com a oferta de leite crescendo menos do que o esperado, o Cepea projeta que os valores pagos aos produtores podem voltar a subir nos próximos meses. A pesquisa conjunta Cepea-OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) também revelou que, em agosto, alguns derivados lácteos apresentaram queda nos preços. O leite UHT, por exemplo, caiu 3,55%, enquanto o leite em pó de 400g registrou uma diminuição de 1,92%. Entretanto, o comportamento da muçarela foi oposto, com uma valorização de 1,88%, fazendo o quilo atingir o valor de R$ 32,01. Outro ponto importante destacado pelo boletim foi a redução das importações brasileiras de lácteos. Em agosto, as importações caíram 25,19% em comparação a julho e 4,6% em relação ao mesmo período de 2022. As exportações, por outro lado, despencaram 57,14% no comparativo mensal, evidenciando uma desaceleração no comércio internacional de lácteos. Apesar disso, o déficit na balança comercial de lácteos caiu 23,9%, totalizando 183,6 milhões de litros em equivalente leite, com um saldo negativo de US$ 81 milhões. No que diz respeito aos custos de produção, o boletim do Cepea destacou que o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira permaneceu estável em agosto, apresentando uma leve queda de 0,09% em relação ao mês anterior. No acumulado de 2024, o COE apresenta uma redução de 0,77%. Com esses movimentos no mercado, o setor leiteiro se prepara para enfrentar possíveis novas elevações nos preços pagos ao produtor, especialmente em função da oferta de leite aquém do esperado e das variações nas importações. O cenário de incerteza pode impactar tanto produtores quanto consumidores, que devem observar flutuações nos preços de produtos lácteos nas prateleiras nos próximos meses.
Mercado de Carnes do Brasil Expande na Oceania com Novo Destino de Exportação
O mercado brasileiro de carnes acaba de conquistar mais um importante destino de exportação, com a aprovação dos certificados sanitários que permitem a venda de carnes de aves, carne mecanicamente separada de frango e cortes bovinos desossados para Papua Nova Guiné. A partir dessa autorização, o Brasil poderá expandir suas exportações para este novo mercado, com expectativa de que as vendas sejam realizadas pelas plantas industriais brasileiras que passaram por inspeção e foram aprovadas pelas autoridades locais no ano passado. Segundo informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), as negociações para possibilitar o acesso ao mercado de carnes de aves começaram em 2020, enquanto as tratativas para a exportação de carne bovina tiveram início em 2022. Esses esforços refletem o empenho brasileiro em diversificar os destinos de suas exportações de proteínas animais. O interesse crescente do setor privado brasileiro em atender a demanda de Papua Nova Guiné, país que conta com uma população de aproximadamente 9 milhões de habitantes, foi um dos fatores determinantes para esse avanço. Sendo o segundo país mais populoso da Oceania, Papua Nova Guiné abre uma nova janela de oportunidades para o agronegócio brasileiro, que tem no mercado internacional uma peça-chave para o crescimento e a competitividade do setor de carnes. Essa nova parceria representa não apenas um marco nas relações comerciais entre os dois países, mas também o fortalecimento da presença do Brasil no mercado global de carnes, com a ampliação de sua participação em mercados emergentes e estratégicos.