O Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG) está direcionando esforços para aumentar a tolerância dos bovinos às condições climáticas adversas. A pesquisa avaliou os valores genômicos dos touros da raça com base no Índice de Temperatura e Umidade (ITU), uma variável combinada que considera temperatura e umidade relativa do ar. Os resultados mostram que animais mais resistentes ao calor apresentam um maior valor genômico para essa característica. Com a frequência crescente de dias quentes, especialmente nas regiões Centro-Sul, onde a produção de leite é mais concentrada, torna-se crucial desenvolver rebanhos adaptados ao clima. Segundo Marcos Vinícius G. B. Silva, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, o país perde anualmente cerca de 30% da produção devido ao calor, destacando a vulnerabilidade da cadeia produtiva do leite às mudanças climáticas. O programa de melhoramento genético do Girolando visa oferecer soluções por meio de avaliações genéticas e genômicas para o estresse térmico. A pesquisa identificou que o cruzamento de raças como o Gir Leiteiro, conhecido por sua resistência ao calor, com a raça Holandesa, forma o Girolando, resultando em animais mais resistentes e produtivos. Além disso, a análise genômica permitiu a identificação de touros com maior tolerância ao estresse térmico, o que auxilia na seleção de animais mais adaptados às diferentes regiões do Brasil. Para João Claudio do Carmo Panetto, pesquisador da Embrapa, a classificação dos touros conforme sua tolerância ao estresse térmico é uma ferramenta valiosa para os produtores, permitindo acasalamentos mais direcionados e a obtenção de uma progênie mais resistente ao clima adverso. A pesquisa ressalta a importância do ITU na avaliação do conforto térmico dos animais, com valores acima de 90 indicando um ambiente severamente estressante. Sinais como aumento da frequência respiratória, produção de suor, busca por sombra e redução no consumo de alimentos indicam o desconforto térmico das vacas, exigindo medidas adequadas de manejo por parte dos produtores para garantir o bem-estar do rebanho.
Pesquisa da Unesp Revela Avanços na Alimentação e Impactos Ambientais da Pecuária Confinada
O professor Danilo Millen, da Unesp, destacou que a qualidade da alimentação melhorou devido à aplicação de tecnologias tanto nutricionais quanto estruturais nos confinamentos brasileiros. Um aspecto importante dessa melhoria é a redução da inclusão de ingredientes volumosos, como silagem de milho, na dieta do gado. Em contrapartida, houve um aumento na inclusão de ingredientes concentrados, como grãos de cereais, considerados a principal fonte de energia para bovinos confinados. Essas mudanças na dieta, segundo o professor Danilo, não apenas melhoram o desempenho dos animais, permitindo que ganhem peso mais rapidamente, mas também trazem retornos mais rápidos para os produtores. O estudo revelou que o milho é o grão mais utilizado na dieta do gado, sendo a escolha de 97,2% dos nutricionistas entrevistados. Além disso, a pesquisa identificou um aumento no uso de coprodutos na dieta dos animais, o que é positivo tanto para a economia quanto para o meio ambiente. Esses coprodutos incluem polpa cítrica, caroço de algodão, torta de algodão, casca de soja e grãos secos de destilaria (DDGs), que são alternativas nutritivas e ambientalmente sustentáveis. Outro aspecto importante destacado pelo estudo é a adoção de métodos mais eficientes de distribuição da dieta, como o descarregamento programado, que permite um controle mais preciso da quantidade de alimento distribuído em cada baia, reduzindo o desperdício. Os resultados da pesquisa indicam não apenas melhorias na produtividade dos animais, mas também uma preocupação crescente com a sustentabilidade ambiental da pecuária confinada no Brasil. Com um aumento no número de animais destinados ao abate em confinamentos e uma maior utilização de raças melhoradas geneticamente, o país demonstra um compromisso contínuo com a melhoria e eficiência da produção pecuária.
CNA Debate Demandas e Panorama das Cadeias de Grãos, Feijão e Pulses
Na quinta-feira (4), a Câmara Setorial de Feijão e Pulses do Ministério da Agricultura abordou a abertura do mercado chinês para a exportação do gergelim brasileiro. Cerca de metade da produção mundial de gergelim é importada pela China. Tiago Pereira, assessor técnico da CNA, destacou que o gergelim se tornou uma opção interessante para o cultivo de segunda safra neste ano, com previsão de produção de cerca de 174 mil toneladas. Na quarta-feira (3), a Câmara Setorial de Culturas de Inverno discutiu a situação do setor. Durante a entressafra, os produtores analisam as variáveis de mercado, como previsões climáticas, para decidir sobre a semeadura do trigo ou de outras culturas. Há uma estimativa de recuperação de produtividade na safra 2024/25, com expectativa de plantio em 3.264,7 mil hectares e colheita de 9.587,9 mil toneladas. No mesmo dia, os assessores técnicos da CNA acompanharam as discussões na Câmara Setorial de Milho e Sorgo. A reunião abordou o fortalecimento da logística para o escoamento interno das culturas e a necessidade de mais recursos para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). Também foi discutida a implantação de novas ferrovias no país, visando ligar a região Sul ao Centro-Oeste brasileiro para facilitar o abastecimento interno de milho. Os resultados do PSR em 2023 foram apresentados, destacando a cobertura de cerca de 1,25 milhão de hectares com um valor segurado de R$ 6 bilhões para a cultura do milho, e uma área segurada de 83 mil hectares com um valor segurado de R$ 227 milhões para o sorgo.