O plástico na agricultura tem sido amplamente utilizado para melhorar a produtividade e proteger cultivos. No entanto, sem um descarte adequado, ele pode causar sérios impactos ambientais. Para enfrentar esse desafio, pesquisadores do Centro de Engenharia da Plasticultura (CEP), com apoio da Fapesp e da Braskem, desenvolveram um sistema inovador. Essa tecnologia usa aprendizado de máquina em imagens de satélite para mapear áreas agrícolas onde o plástico é empregado.
Além disso, com precisão de quase 100%, o sistema identifica locais onde materiais plásticos, como filmes de mulching e estufas, são utilizados no manejo agrícola. Dessa forma, a pesquisa também sugere um modelo de logística reversa, que possibilita um reaproveitamento sustentável desses resíduos e reduz os danos ambientais.
O Papel do Plástico na Agricultura e Seus Impactos
Nos últimos anos, a plasticultura revolucionou a agricultura ao aumentar a produtividade, otimizar o uso da água e reduzir a necessidade de agroquímicos. Entre as principais técnicas, destaca-se o mulching agrícola, que utiliza filmes de polietileno sobre o solo para controlar a temperatura, a umidade e o crescimento de plantas daninhas.
Por outro lado, esse material precisa ser substituído a cada safra, o que gera resíduos que, se não forem descartados corretamente, podem contaminar o solo e a água. Enquanto isso, as estufas agrícolas apresentam uma durabilidade maior, de quatro a cinco anos, reduzindo a quantidade de resíduos gerados. Ainda assim, o plástico utilizado na agricultura continua sendo um grande problema ambiental, especialmente em regiões remotas, onde a infraestrutura para coleta e reciclagem é escassa.
Tecnologia para Monitoramento de Resíduos Plásticos no Campo
Diante desse cenário, a tecnologia desenvolvida pelo CEP surge como uma solução eficiente. Com a combinação de inteligência artificial e imagens de satélite, o sistema consegue identificar onde o plástico na agricultura é mais utilizado.
Até então, não existia um levantamento preciso sobre as áreas que usam mulching no Brasil – nem mesmo a indústria possuía esses dados. Segundo o engenheiro agrícola Marlon Fernandes de Souza, responsável pelo projeto, essa inovação permite um mapeamento detalhado, fornecendo informações valiosas sobre a quantidade de resíduos gerados. Dessa maneira, o estudo não apenas identifica o problema, mas também propõe soluções para gerenciá-lo de forma sustentável.
Logística Reversa: A Solução para o Descarte Sustentável
Além da identificação dos resíduos plásticos, o estudo propõe um modelo de logística reversa para garantir o descarte adequado e a reciclagem desses materiais. Atualmente, um dos maiores desafios no manejo do plástico na agricultura é a falta de infraestrutura para a coleta e o reaproveitamento dos resíduos.
No entanto, países como Espanha e França já implementaram sistemas eficazes de logística reversa, reduzindo significativamente o impacto ambiental da plasticultura. Dessa forma, adotar essa estratégia no Brasil permitiria que os agricultores tivessem um destino correto para os resíduos plásticos, evitando a contaminação do solo e dos recursos hídricos. Além disso, essa abordagem poderia incentivar a economia circular no setor agrícola, promovendo o reaproveitamento do material em novos ciclos produtivos.
Conclusão
O uso do plástico na agricultura trouxe avanços importantes para a produtividade no campo. No entanto, os desafios ambientais relacionados ao descarte desse material precisam ser solucionados com urgência.
A tecnologia desenvolvida pelo CEP, ao integrar inteligência artificial, imagens de satélite e logística reversa, representa um avanço significativo para a sustentabilidade agrícola no Brasil. Se aplicada corretamente, essa inovação pode minimizar os impactos ambientais do plástico, promover práticas mais sustentáveis e garantir um futuro mais equilibrado para a agricultura.