A maior feira indoor do agronegócio brasileiro, a Pecnordeste, alcançou dimensão nacional e está quebrando recordes. Com 1.104 expositores e uma expectativa de público de 60 mil pessoas, o evento será inaugurado pelo governador Elmano de Freitas.
Há três anos, a Pecnordeste atraía apenas 5 mil visitantes e contava com pouco mais de 40 estandes, principalmente de empresas cearenses. Hoje, essa feira reflete a força social, econômica e política da agropecuária nordestina, especialmente do Ceará. Com 1.104 estandes de empresas nacionais e internacionais, espera-se que atraia 60 mil pessoas durante seus três dias de duração. Além disso, 150 ônibus com delegações de dezenas de municípios cearenses chegarão ao Centro de Eventos do Ceará, local da feira.
Essa transformação rápida, em apenas dois anos e meio, deve-se à decisão dos produtores rurais do Ceará, que elegeram uma nova liderança sindical em novembro de 2021. Amílcar Silveira, criador de caprinos e ovinos de Quixadá, foi eleito presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec) com o apoio da maioria dos delegados dos sindicatos rurais do estado, assumindo o cargo em janeiro de 2022.
Hoje, mesmo aqueles que inicialmente não o apoiaram estão na linha de frente de um projeto liderado por Silveira, que revitalizou a Faec, transformando-a em uma entidade sindical tão forte e prestigiada quanto a Federação das Indústrias do Ceará (Fiec). O presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, é um entusiasta dessa transformação.
O discurso de mudança e a promessa de que o produtor rural seria o patrão das lideranças do agro cearense foram rapidamente implementados. Houve uma reestruturação interna, com a dispensa de pessoas sem ligação com o agro e a substituição de delegados que não alinhavam com os novos objetivos da Faec. Em menos de seis meses, a entidade passou a dialogar diretamente com as autoridades estaduais, defendendo firmemente os interesses dos agricultores e pecuaristas.
Em maio de 2023, Amílcar Silveira organizou o I Encontro dos Produtores Rurais do Ceará, reunindo produtores do Sertão Central. O evento contou com a presença do presidente da Fiec. Em agosto, foi realizado o segundo encontro em Morada Nova, com mais de 2 mil produtores do Jaguaribe. O terceiro encontro ocorreu em novembro, em Tauá, com a presença do ministro da Agricultura e produtores dos Inhamuns, e contou novamente com a participação da Fiec.
Silveira e sua diretoria, com o apoio dos sindicatos rurais, empresários do setor, Sebrae-CE e Senar-CE, decidiram fortalecer a Pecnordeste. Em 2022, a feira já dobrou o número de estandes em relação a 2021. Em 2023, o número de expositores dobrou novamente, chegando a 450. Em 2024, esse número triplicou, impulsionado pela liderança política da Faec, a repercussão positiva do evento anterior, a profissionalização da feira e a credibilidade de seus organizadores.
Um fator político essencial para o sucesso da Pecnordeste é a boa relação entre a Faec e o Governo do Estado. O governador Elmano de Freitas já se reuniu duas vezes com os principais empresários do agro e esteve presente na abertura da Pecnordeste do ano passado, fazendo promessas, algumas já cumpridas.
O diálogo entre Amílcar Silveira e Elmano de Freitas tem sido surpreendentemente fluido, apesar das diferenças ideológicas. Ambos entendem que, em uma democracia, a política é fundamental para os arranjos institucionais. A grandiosidade da Pecnordeste deste ano destaca o evento como um marco na moderna economia agrícola do Ceará.
