Indonésia se organiza para iniciar a importação de gado vivo do Brasil, com projeção de atender uma demanda anual de até 600.000 bovinos. Esse movimento inédito é possível graças ao novo status sanitário do Brasil, agora reconhecido como livre de febre aftosa sem vacinação. Essa conquista elimina barreiras que antes limitavam o comércio de gado vivo para mercados como o indonésio.
De acordo com informações do Ministério da Agricultura da Indonésia, divulgadas pelo site especializado Beef Central, a negociação caminha para um acordo histórico. A iniciativa visa diversificar os fornecedores do país para atender ao crescimento da demanda interna, que pode chegar a 600.000 cabeças por ano. Atualmente, a Austrália é a única fornecedora de bovinos vivos para a Indonésia, exportando entre 300.000 e 600.000 cabeças anualmente. A localização e a capacidade dos bovinos australianos de se adaptarem ao clima tropical consolidaram essa liderança. Contudo, a entrada do Brasil no mercado promete transformar esse cenário.
Embora o Brasil tenha recebido o status de livre de febre aftosa sem vacinação, o país aguarda o reconhecimento oficial da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), previsto para maio de 2025. Esse reconhecimento será fundamental para solidificar a presença brasileira no mercado indonésio.
Agung Suganda, Diretor Geral de Pecuária e Saúde Animal do Ministério da Agricultura da Indonésia, declarou que está em andamento a revisão de um regulamento governamental que permitirá a importação de gado brasileiro. Ele enfatizou que todos os bovinos exportados passarão por controles sanitários rigorosos e deverão vir de regiões certificadas como livres de febre aftosa sem vacinação.
A motivação da Indonésia para diversificar seus fornecedores vai além das necessidades de consumo de carne bovina. O país também busca suprir um programa nacional de distribuição de leite gratuito para estudantes, liderado pelo presidente Prabowo Subiantio. Esse programa requer bovinos leiteiros adaptados ao clima tropical. Para atender à demanda, Brasil e Indonésia firmaram, em setembro, um memorando de entendimento para a importação de 100.000 bovinos leiteiros.
A Nova Zelândia também surge como potencial fornecedora, mas o Brasil apresenta vantagens competitivas devido à semelhança climática e à capacidade de atender às grandes necessidades do mercado indonésio.
Para o Brasil, essa oportunidade representa um marco estratégico, com potencial para fortalecer sua posição global como exportador e atrair novos investimentos para o setor agropecuário. No entanto, desafios significativos precisam ser enfrentados, incluindo a logística de transporte marítimo, que pode durar de cinco a seis semanas, e a manutenção de controles sanitários rigorosos durante todo o processo.
Com a revisão regulatória em fase final e o reconhecimento da OMSA esperado para 2025, o Brasil está prestes a conquistar uma posição de destaque no mercado de exportação de gado vivo para a Indonésia. Por outro lado, a Indonésia se beneficia ao consolidar sua segurança alimentar e avançar em programas sociais prioritários. Essa parceria promete abrir novos horizontes para a pecuária brasileira e fortalecer as relações bilaterais entre os dois países, com ganhos de longo prazo para ambas as economias.