Necessidade de Capital de Giro – Como calcular e controlar suas tomadas
No dia a dia das empresas, manter as contas em dia pode ser um verdadeiro desafio. Muitas vezes, a falta de planejamento empurra empresários para empréstimos de curto prazo, criando um efeito bola de neve que compromete o lucro e aumenta os riscos financeiros. A busca por crescimento, sem avaliar a real necessidade de caixa, pode transformar uma operação saudável em um problema difícil de reverter.
Para evitar esse cenário, é essencial entender o que é o capital de giro e como calcular sua necessidade. Vamos direto ao ponto com quatro perguntas-chave que ajudarão você a identificar a real demanda do seu negócio:
1. Qual o prazo de pagamento que você oferece aos seus clientes?
Se seu cliente tem muito peso no faturamento, ele provavelmente dita os prazos de pagamento. Quanto maior o prazo concedido, maior será a necessidade de capital de giro para manter a operação fluindo. Se você fornece para uma grande indústria que paga apenas em 60 dias, por exemplo, é essencial planejar o caixa para cobrir esse intervalo sem comprometer as finanças.
2. Qual o prazo que você tem para pagar seus fornecedores?
A lógica aqui é a mesma da primeira pergunta: quem depende muito de poucos fornecedores tem menos poder de negociação. Se seus principais fornecedores exigem pagamento à vista ou com prazos curtos, enquanto seus clientes demoram a pagar, sua necessidade de capital de giro aumenta. Por isso, diversificar fornecedores e negociar prazos mais longos pode aliviar a pressão sobre o caixa.
3. Como está o giro do seu estoque?
Estoque parado é dinheiro parado. Se suas mercadorias demoram meses para serem vendidas, isso impacta diretamente a necessidade de capital de giro. Criar um sistema de controle eficiente, como a Curva ABC, ajuda a identificar quais produtos giram mais rápido e quais exigem estratégias para acelerar a saída, como promoções e ajustes no mix de compras.
4. Como sua empresa financia seu capital de giro?
Se você tem um grande prazo de recebimento, um curto prazo de pagamento e um estoque robusto, precisa de uma fonte de financiamento para manter a operação. O capital de giro é a diferença entre o Ativo Circulante (dinheiro disponível, contas a receber) e o Passivo Circulante (obrigações de curto prazo). Se sua empresa não consegue financiar suas próprias operações, será necessário buscar alternativas, como crédito bancário ou renegociação de prazos.
Como calcular o Ciclo Financeiro?
O ciclo financeiro de uma empresa é determinado por:
📌 PMRE (Prazo Médio de Renovação de Estoque) +
📌 PMRV (Prazo Médio de Recebimento de Vendas) –
📌 PMP (Prazo Médio de Pagamentos).
Quanto maior for esse ciclo, maior será a necessidade de capital de giro. A boa notícia é que existem formas eficazes de reduzir essa necessidade e otimizar o caixa.
Dicas para reduzir o Ciclo Financeiro
🔹 Reduza o prazo de recebimento: Tente diminuir os prazos de pagamento concedidos aos clientes, incentivando pagamentos à vista ou em menos parcelas. Pequenos ajustes podem fazer uma grande diferença.
🔹 Otimize o estoque: Evite manter volumes excessivos apenas para obter descontos em compras. Estoque parado gera custos e pode comprometer o caixa.
🔹 Negocie prazos melhores com fornecedores: Muitas vezes, vale mais um prazo de pagamento maior do que um pequeno desconto para pagamento à vista. Avalie o impacto real dessas condições no seu fluxo de caixa.
🔹 Envolva toda a equipe: A área comercial pode trabalhar para reduzir o prazo de recebimento, o setor de compras pode negociar melhores condições e a gestão financeira deve monitorar o ciclo financeiro constantemente.
Conclusão
Controlar o capital de giro não é apenas uma tarefa financeira – é um pilar para a sustentabilidade e o crescimento do negócio. Com um bom planejamento e estratégias bem definidas, sua empresa pode evitar crises e garantir uma operação mais segura e eficiente. Afinal, dinheiro no agro não é só plantar e colher, é também saber gerir!
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Sobre o autor:
Fabiano Mapurunga é Mestre em Administração de Empresas com ênfase em Finanças pela Unifor, Pós-Graduado em Gestão de Negócios pelo INSPER, MBA em Gestão Financeira e Controladoria pela FGV, MBA em Agronegócios pela USP/ Esalq e Graduado em Administração de Empresas pela UFC. Possui experiência de 23 anos na área de Finanças Corporativas. Atualmente trabalha com inovação e consultoria financeira para empresas nacionais, além de se dedicar a novos negócios e investimentos. É professor universitário em cursos de Pós Graduação e autor de vários artigos.