Fiagro: A Nova Fronteira do Financiamento do Agro no Brasil – Lições do Modelo Paranaense
O agro brasileiro é um dos pilares da economia nacional, representando uma parcela significativa do PIB e das exportações. Para impulsionar ainda mais esse setor, foi criado o Fiagro (Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais), uma inovação financeira que visa captar recursos de investidores para serem aplicados diretamente no agro.
O que é o Fiagro?
Instituído pela Lei nº 14.130, de 29 de março de 2021, o Fiagro permite que investidores, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas, participem do financiamento do agro brasileiro. Os recursos captados por meio desses fundos podem ser direcionados para:
• Aquisição de imóveis rurais;
• Investimentos em direitos creditórios do agro;
• Participações em sociedades que atuam na cadeia produtiva agroindustrial;
• Aplicações em títulos de crédito emitidos por agentes do setor.
Essa estrutura proporciona uma alternativa robusta ao crédito rural tradicional, diversificando as fontes de financiamento e ampliando o acesso a recursos para produtores e empresas do setor.
Impactos do Fiagro no financiamento do agro
Desde sua criação, o Fiagro tem demonstrado um crescimento expressivo. Nos últimos 12 meses, o patrimônio líquido desses fundos aumentou 147%, atingindo R$ 38 bilhões em junho de 2024. Esse avanço reflete a confiança dos investidores e a eficácia do Fiagro como mecanismo de financiamento.
Além disso, o Fiagro tem se mostrado uma ferramenta eficaz para suprir a crescente demanda por crédito no setor agropecuário, que já supera R$ 1 trilhão por safra. A oferta de crédito, em geral, não ultrapassa metade desse valor, evidenciando a importância de instrumentos financeiros como o Fiagro para preencher essa lacuna.
O Fiagro no Paraná: uma iniciativa pioneira
O estado do Paraná saiu na frente ao lançar o primeiro Fiagro estadual do país, o FIDC Agro Paraná. Com um aporte inicial de R$ 350 milhões do governo estadual, por meio da Fomento Paraná, o fundo tem como objetivo alavancar aproximadamente R$ 2 bilhões para financiar a expansão das atividades de produtores agrícolas vinculados a cooperativas e empresas nos 399 municípios paranaenses.
O FIDC Agro Paraná funcionará como uma espécie de ‘guarda-chuva’, sob o qual as cooperativas instaladas no estado e empresas integradoras poderão participar, por meio da criação de outros fundos vinculados, oferecendo condições facilitadas de financiamento aos cooperados e integrados. Os recursos serão direcionados exclusivamente para investimentos de médio e longo prazo, com foco em projetos de armazenagem, sistemas de irrigação, aviários e plantas industriais.
Comparação entre o Fiagro nacional e o Fiagro do Paraná
Enquanto o Fiagro nacional foi concebido para captar recursos de investidores em geral, direcionando-os para diversas áreas do agro, o Fiagro do Paraná apresenta características específicas:
• Origem dos recursos: No âmbito nacional, os recursos provêm de investidores privados. No caso paranaense, há uma combinação de recursos públicos e privados, com o governo estadual atuando como cotista sênior e aportando capital inicial para alavancar investimentos.
• Gestão: O Fiagro nacional pode ser gerido por diversas instituições financeiras e gestoras de recursos. Já o Fiagro do Paraná tem sua gestão a cargo da Suno Asset, selecionada por meio de edital público.
• Foco dos investimentos: Enquanto o Fiagro nacional possui um escopo amplo, abrangendo diferentes segmentos do agro, o Fiagro paranaense concentra-se em projetos de infraestrutura, como armazenagem, irrigação e industrialização da produção agrícola.
Essa iniciativa do Paraná serve como modelo para outros estados, demonstrando a viabilidade de parcerias público-privadas no financiamento do agro e reforçando a importância de soluções inovadoras para atender às necessidades do setor.
Conclusão
Em suma, o Fiagro tem se consolidado como uma ferramenta essencial para o fortalecimento do agro brasileiro, oferecendo alternativas de financiamento que complementam as fontes tradicionais e impulsionam o desenvolvimento sustentável do setor. O exemplo paranaense é uma vitrine de como o poder público pode atuar de forma estratégica, criando estruturas que destravam investimentos, ampliam a competitividade e fortalecem a produção agroindustrial em todo o país.
Esta coluna é escrita por Diego Trindade, sul-mato-grossense que escolheu o Ceará como sua casa. Diego atua conectando o agro e traz para você informações exclusivas sobre acordos, projetos e inovações que impulsionam o setor.
