A COP30 Brasil será realizada em Belém e pode se tornar um divisor de águas no debate climático global. Pela primeira vez, o país tem a chance real de liderar a narrativa internacional.
Nesse contexto, o professor Carlos Eduardo Cerri, membro do IPCC e diretor do Cicarbon-USP, alerta para riscos de erros metodológicos no Plano Clima nacional.
COP30 Brasil como oportunidade histórica
De fato, o evento ocorre em um momento estratégico. Diferente das últimas conferências realizadas em países dependentes de combustíveis fósseis, o Brasil tem uma matriz energética diferenciada.
Portanto, a COP30 Brasil representa um palco onde o país pode mostrar avanços em agricultura de baixo carbono, reflorestamento e práticas regenerativas já em execução no setor agropecuário.
Emissões brasileiras em destaque global
Segundo Cerri, 46% das emissões brasileiras vêm do desmatamento, enquanto 27% são oriundas da agropecuária e da silvicultura. Assim, 73% das emissões nacionais têm relação direta com o setor rural.
Consequentemente, essa realidade difere do padrão global, no qual quase 80% das emissões vêm da queima de combustíveis fósseis. Essa inversão cria desafios e oportunidades para o Brasil.
Riscos de distorções no Plano Clima
Contudo, o professor alerta que o Plano Clima brasileiro possui falhas metodológicas. Entre elas, está a atribuição de quase todo o desmatamento ao setor agropecuário.
Na prática, parte desse desmatamento é resultado de grilagem, urbanização ou ilegalidade. Se essas distorções não forem corrigidas, o Brasil corre o risco de “dar um tiro no pé” na COP30.
Potencial de sequestro de carbono no Brasil
Além disso, o Brasil possui um potencial gigantesco para sequestrar carbono. As áreas de pastagens degradadas podem se tornar sumidouros de CO₂ com manejo adequado.
Da mesma forma, o plantio direto em larga escala já sequestra milhões de toneladas de carbono por ano. Esse diferencial torna o país um protagonista natural no debate climático.
Agro sustentável como solução climática
Assim, práticas como o Programa ABC, a recuperação de solos e a integração lavoura-pecuária-floresta fortalecem a resiliência dos sistemas produtivos. Essas estratégias tornam o agro parte da solução.
Portanto, a COP30 Brasil é a chance de transformar o setor rural em protagonista positivo no enfrentamento das mudanças climáticas. A liderança depende de decisões políticas assertivas e dados científicos sólidos.