A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) realizou, nesta quinta-feira (27), uma visita técnica do projeto Agro.BR Mulheres ao Porto de Pecém e à Indústria Usibras, especializada no beneficiamento de castanhas de caju. A visita contou com a participação de representantes de 10 empresas dos setores de cacau, café, chás, frutas, mel, palmito e bebidas. Esse foi o primeiro encontro das empresárias envolvidas no projeto. Segundo Maria Rita Padilla, assessora de Relações Internacionais da CNA, o objetivo é ampliar o conhecimento prático dessas mulheres sobre os processos industriais e logísticos relacionados à exportação. “O conhecimento adquirido in loco é fundamental para complementar a teoria aprendida nas capacitações que estamos proporcionando ao longo do ano e instigá-las a desenvolver habilidades práticas e uma visão integrada e realista de todo o processo de exportação”, afirma Padilla. Participaram da visita técnica as empresas BlueForest Cocoa, Cacauaré – Cacau Nativo da Amazônia, Café Agricultor, YalaCafe Ltda, Tj Frutas e Legumes, Kakao Blumenn Chocolates, Mel Zen, Philá Palmitos, Spinalcool Destilaria Ltda e Chagran (chás especiais).
Com Enchentes no RS, Preço do Mel Deve Subir 30%; Produtores Cearenses Preveem Supersafra em 2024
As enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul nas últimas semanas provocaram uma série de prejuízos para os apicultores locais, impactando diretamente na produção de mel. Estima-se que a perda de colmeias e a dificuldade na coleta do mel, causadas pelo excesso de água, possam elevar o preço do produto em até 30% nos próximos meses. Impactos das Enchentes no RS As fortes chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul não só destruíram diversas colmeias como também dificultaram a vida das abelhas, prejudicando a coleta de néctar e pólen, fundamentais para a produção do mel. “Muitas áreas ficaram completamente alagadas, e os apicultores não conseguiram acessar suas colmeias para realizar a colheita,” explica José da Silva, presidente da Associação dos Apicultores do Rio Grande do Sul. Essa combinação de fatores deve resultar em uma queda significativa na produção de mel na região, que é uma das principais produtoras do país. A expectativa é de que o preço do mel aumente em cerca de 30%, afetando tanto consumidores quanto indústrias que utilizam o produto como matéria-prima. Ceará: Supersafra em 2024 Em contrapartida, no Ceará, as perspectivas são bastante positivas para os apicultores. Após um ano de condições climáticas favoráveis, os produtores locais preveem uma supersafra de mel em 2024. “Tivemos um período chuvoso muito bom, que ajudou na florada das plantas que as abelhas utilizam para produzir o mel,” afirma Maria Oliveira, apicultora cearense. A expectativa é que o aumento na produção de mel no Ceará compense, em parte, a escassez provocada pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Além disso, os apicultores cearenses esperam que o excesso de produção permita a exportação para novos mercados, fortalecendo ainda mais a economia local. Alternativas para o Consumidor Com o aumento previsto no preço do mel gaúcho, os consumidores podem buscar alternativas para manter o produto em sua dieta sem grandes impactos no orçamento. “É importante pesquisar e encontrar produtores de outras regiões, como o Ceará, que estão com boas perspectivas de colheita,” sugere Ana Paula Santos, nutricionista. Além disso, o mel pode ser substituído por outros adoçantes naturais, como estévia ou xilitol, que também oferecem benefícios à saúde. No entanto, é essencial lembrar que cada produto tem suas particularidades e deve ser consumido com moderação. As enchentes no Rio Grande do Sul trouxeram desafios significativos para a produção de mel, com previsão de aumento de preços. Entretanto, a supersafra esperada no Ceará traz um alívio e uma oportunidade para os apicultores da região. Consumidores e indústrias devem estar atentos às variações de mercado e buscar alternativas viáveis para lidar com as mudanças nos preços do mel.
Cultivares de Alface da Embrapa Mostram Desempenho Superior em Altas Temperaturas
As cultivares de alface crespa BRS Leila e BRS Mediterrânea, desenvolvidas pela Embrapa, destacaram-se em experimentos que simularam temperaturas mais altas. Os pesquisadores recriaram um cenário de aumento de 5ºC, elevando a média de 25ºC para 30ºC ao longo de 45 dias. Ao contrário de outras nove cultivares testadas, essas duas variedades se adaptaram bem às novas condições. O estudo avaliou como a temperatura afeta o desenvolvimento das plantas de alface, antecipando os impactos das mudanças climáticas. “Para isso, trabalhamos com duas faixas de temperatura do ar, conforme a média histórica e a projeção para um cenário extremo de mudanças climáticas globais (MCGs) no Brasil: 25ºC/20ºC e 30ºC/25ºC (dia e noite, respectivamente)”, explica Carlos Pacheco, pesquisador da Embrapa Hortaliças (DF). Os experimentos ocorreram na Câmara de Crescimento Vegetal do centro de pesquisa, que simula parâmetros atmosféricos como temperatura, umidade relativa e concentração de gás carbônico. Pacheco lembra que hortaliças folhosas são especialmente vulneráveis ao calor, e a alface é a mais consumida no Brasil, segundo a Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (Abcsem). Isso torna o estudo crucial para a adaptação às mudanças climáticas. Características Diferenciais das Cultivares As cultivares BRS Leila e BRS Mediterrânea possuem características que permitem lidar melhor com o aumento de temperatura, explica Fábio Suinaga, desenvolvedor dos materiais. “A BRS Leila atrasa o florescimento da planta, resistindo, em média, dez dias a mais de calor em comparação às outras alfaces testadas”, relata Suinaga. A BRS Mediterrânea, por sua vez, atinge o ponto de colheita mais rápido, sete dias antes das cultivares similares no mercado. “Com um ciclo produtivo mais curto, ela fica menos exposta ao calor e evita o florescimento precoce”, detalha Suinaga. O florescimento precoce causa problemas como alongamento do caule, redução do número de folhas e produção de látex, substância que confere sabor amargo à alface, reduzindo seu valor comercial. As cultivares comerciais testadas, sob as mesmas condições de temperatura, apresentaram problemas como pendoamento, queima de borda, clorose, necrose e morte de plantas, tornando-se impróprias para comercialização. “Quando observamos que nossas cultivares permaneceram firmes a 30ºC, é uma demonstração de que temos um material genético adaptado a condições adversas”, comemora Suinaga. A Câmara de Crescimento Vegetal A principal ferramenta dos pesquisadores para avaliar a tolerância ao calor das cultivares é a Câmara de Crescimento Vegetal, um ambiente fechado que simula cenários climáticos futuros. Nesse espaço, é possível testar o comportamento das plantas cultivadas em vasos, projetando diferentes fatores como temperatura, umidade, CO2 e radiação. “Nesse ambiente simulado, as plantas são expostas a condições extremas para identificar as mais resilientes a altas temperaturas e outros fatores, como déficit hídrico”, acrescenta Pacheco. Próximos Passos: Testes de Estresse Hídrico Pacheco informa que o trabalho faz parte de uma série de estratégias para enfrentar as condições climáticas. A equipe pretende continuar os estudos com outras frentes, selecionando materiais mais tolerantes ao calor. “Atualmente, estamos focados na tolerância ao calor. Na próxima etapa, focaremos no estresse hídrico (por excesso ou falta de água), envolvendo a tolerância à salinização, seguido pelo comportamento em relação ao uso de bioinsumos”, anuncia Pacheco.
Solução Econômica para Pequenos Produtores: Uso de Drones para Controle Biológico no Plano Safra 2024-2025
Uma alternativa de baixo custo, projetada para pequenos produtores e eficaz no controle biológico, foi apresentada na manhã desta quarta-feira, 3 de julho, durante o anúncio do Plano Safra 2024/2025 em Brasília (DF). Desenvolvido em parceria entre a Embrapa e a empresa paulista BirdView, com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o Orbio é um projeto inovador que utiliza drones com sistema de otimização de planos de voo e dispensadores para a liberação de insetos, visando combater pragas e doenças sem prejudicar o meio ambiente. A tecnologia foi uma das principais atrações na exposição realizada na Praça dos Três Poderes. O evento de lançamento dos Planos Safra da Agricultura Familiar 2024-2025 e 2024-2025 contou com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e de vários ministros, incluindo Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), Carlos Fávaro (Agricultura), Fernando Haddad (Fazenda), e Marina Silva (Meio Ambiente), além de outras autoridades e representantes do setor agrícola e produtores rurais. Durante o intervalo entre os lançamentos, o presidente Lula foi apresentado à tecnologia de aspersão de insetos por drones pela presidente da Embrapa, Silvia Massruhá. “Pragas e doenças agrícolas causam prejuízos financeiros de milhões por ano. Por isso, o controle biológico, que é um processo natural para a mitigação de danos, aliado ao uso de drones, é tão promissor e vantajoso para os produtores”, explica Lúcio Jorge, pesquisador da Embrapa Instrumentação (SP) e responsável pelo desenvolvimento da tecnologia dos drones. Ele destaca que, além do baixo custo operacional, a tecnologia oferece alta eficiência e um amplo alcance de aplicação nas propriedades. O pesquisador também enfatiza que o uso de drones é essencial para otimizar o planejamento das rotas de cobertura para controle biológico, incluindo a identificação da área de cobertura, determinação de distâncias, tipo de aplicação do agente biológico, e altitude de voo. Experimentos iniciais mostraram que a tecnologia reduz o tempo de planejamento em comparação com os métodos manuais, além de diminuir as chances de erro humano graças à automação. Atualmente, os softwares disponíveis no mercado não oferecem otimização de rotas baseada em parâmetros configuráveis pelo usuário e requerem maior experiência do operador na geração dos planos de voo. Jorge ressalta que a parceria com a BirdView foi crucial para o desenvolvimento do projeto. “A empresa é especialista na aplicação de biodefensivos com drones para controle biológico de pragas desde 2015, licenciada no Brasil, África do Sul, Índia e México”, comenta. O protótipo do produto está em fase final de testes em algumas fazendas e permitirá à empresa oferecer um produto que aumentará a gama potencial de clientes, incluindo os pequenos agricultores familiares.