As exportações de milho e soja dos Estados Unidos para a China podem sofrer quedas acentuadas caso uma tarifa de 60% sobre produtos chineses, proposta pelo ex-presidente Donald Trump, seja implementada. Um estudo conduzido pelas associações National Corn Growers Association (NCGA) e American Soybean Association (ASA) analisou os possíveis impactos de uma nova escalada comercial, com base nos efeitos das tarifas retaliatórias aplicadas entre 2016 e 2020. Essas medidas trouxeram sérias reduções às exportações agrícolas dos EUA, afetando negativamente os agricultores e as economias rurais.
De acordo com o estudo, se a China voltar a aplicar as tarifas vigentes antes do Acordo da Fase I, firmado em 2020, as exportações de soja dos EUA para o país asiático podem cair entre 14 e 16 milhões de toneladas anuais, representando uma redução média de 52% em relação às projeções atuais. O milho enfrentaria um impacto ainda mais expressivo, com uma queda estimada de 2,2 milhões de toneladas por ano, uma redução de 84% em média. Mesmo que os produtores redirecionem os produtos para outros mercados, o preço do milho pode sofrer uma queda de 13 centavos por bushel, resultando em prejuízos anuais de US$ 1,4 bilhão para os agricultores americanos.
Enquanto os produtores dos EUA lidariam com perdas significativas, agricultores da América do Sul, especialmente no Brasil e na Argentina, se beneficiariam diretamente. Esses países poderiam expandir seus mercados, obter preços mais elevados e aumentar o valor de sua produção. Conforme destacado pela NCGA, o impacto não seria sentido apenas pelos agricultores americanos, mas também por toda a economia rural, que depende do setor agrícola para gerar empregos e manter serviços essenciais.
O Acordo da Fase I, assinado em janeiro de 2020, havia aliviado parte das tensões comerciais iniciadas em 2018, com a China comprometendo-se a adquirir US$ 80 bilhões em produtos agrícolas americanos entre 2020 e 2021. O aumento temporário nas exportações demonstrou a relevância estratégica da relação comercial com a China. “Uma nova guerra comercial agravaria as condições econômicas já desafiadoras enfrentadas pelos agricultores, com riscos de perdas permanentes de mercado”, alertou Scott Gerlt, economista-chefe da ASA.