O cultivo de frutas exóticas no Ceará cresce rapidamente e consolida-se como uma das áreas mais promissoras do agronegócio regional. Tradicionalmente reconhecido pela produção de frutas tropicais, o estado agora amplia sua diversidade agrícola com o plantio de pitaia, tâmara e damasco. O sucesso desse novo mercado resulta da união entre tecnologia, irrigação e manejo especializado, pilares que impulsionam o desenvolvimento dessa cadeia produtiva.
Expansão do cultivo de frutas exóticas
Nos últimos anos, o cultivo de frutas exóticas no Ceará avançou de forma constante. A pitaia, por exemplo, tornou-se símbolo dessa expansão. Graças ao clima semiárido e ao solo fértil, ela é cultivada em mais de 25 municípios — entre eles Russas, Jaguaribe, Apodi, Cascavel e Limoeiro do Norte. Além disso, a adoção de sistemas modernos de irrigação e práticas agrícolas sustentáveis vem garantindo colheitas mais produtivas e rentáveis.
De acordo com Odálio Girão, analista de mercado da Ceasa Ceará, “o cultivo da pitaia começou de forma tímida, mas hoje já é uma realidade em diversos municípios, caindo no gosto do consumidor”. Atualmente, a produção estadual deve atingir entre 5 e 8 mil toneladas em 2025 — mais que o dobro das 3.100 toneladas registradas no ano anterior.
Pitaia: sabor, saúde e rentabilidade
A pitaia conquista cada vez mais espaço nas mesas cearenses. Além de saborosa, ela oferece benefícios nutricionais valiosos, como alto teor de fibras e baixo índice calórico. Por isso, consumidores como Maria de Jesus e Marta Rosa destacam seu uso em sucos, mousses e receitas fitness.
Além disso, o clima e o solo do Ceará favorecem o cultivo da fruta. Com o uso de tecnologias de irrigação e manejo especializado, os produtores conseguem frutos de alta qualidade e excelente aceitação no mercado. Dessa forma, a pitaia se consolida como uma fonte de renda lucrativa e sustentável.
Tâmara: nova fronteira do semiárido
A tâmara é outro exemplo de fruta exótica que vem ganhando espaço no Ceará. Tradicionalmente importada do Oriente Médio, ela já começa a ser cultivada localmente, o que representa uma oportunidade econômica relevante. Atualmente, o quilo da tâmara custa cerca de R$ 60 na Ceasa, o que estimula o investimento em produções regionais.
Em Itarema, o produtor Nilo de Moraes cultiva tamareiras desde 2020 e comemora a adaptação bem-sucedida ao solo e ao clima semiárido. Segundo ele, “a tamareira tem dupla rentabilidade, pois permite a comercialização dos frutos e também o uso paisagístico das plantas macho”. Além disso, a fazenda já entrou em fase de frutificação, e a expectativa é iniciar a safra comercial em 2027.
A Embrapa Semiárido, que pesquisa o cultivo da tamareira desde a década de 1980, confirma a viabilidade da produção no Nordeste, reforçando o potencial dessa cultura. (Fonte externa: Embrapa).
Damasco e novas oportunidades no agronegócio
O damasco é mais uma fruta exótica que começa a despertar o interesse dos produtores locais. Embora ainda esteja em fase inicial de testes, sua adaptação é promissora. Graças à combinação entre altitude, microclimas e inovação tecnológica, o Ceará abre novas oportunidades para o cultivo de frutas de alto valor agregado, fortalecendo o agronegócio e gerando novas fontes de renda.
Impactos econômicos e sociais do cultivo exótico
O avanço das frutas exóticas no Ceará beneficia toda a cadeia produtiva. Enquanto os produtores ampliam sua renda, os consumidores ganham acesso a alimentos mais saudáveis e diversificados. Além disso, o setor movimenta empregos diretos e indiretos em regiões como o Vale do Jaguaribe e o Cariri.
De acordo com Gustavo Zanotto, comerciante da Ceasa, “a produção local dessas frutas vai reduzir custos, aumentar o acesso e gerar mais oportunidades para o agricultor cearense”. Assim, o cultivo regional torna-se uma alternativa viável e estratégica para o desenvolvimento econômico do estado.
Tecnologia, manejo e o futuro do agro cearense
A expansão do cultivo de frutas exóticas no Ceará confirma que a inovação é o caminho para o futuro do campo. Com apoio técnico da Embrapa, do SENAR Ceará e da FAEC, os produtores investem em manejo eficiente, uso racional da água e melhoria da qualidade da produção.
Portanto, a diversificação agrícola mostra-se uma estratégia sustentável e inteligente, capaz de posicionar o Ceará como referência nacional em fruticultura.