O agro cearense vive em constante transformação, e para crescer com solidez, precisa de parcerias que façam mais do que discursar sobre integração entre o campo e o comércio. Nesse cenário, a Fecomércio-CE vem se destacando como um aliado estratégico, com ações reais e impacto direto para os produtores rurais.
Ações efetivas e impacto econômico
Apesar de muitas vezes pouco divulgadas nos meios rurais, as iniciativas de compras institucionais da Fecomércio são iniciativas que movimentam o campo. Em 2025, por meio do edital de credenciamento de cooperativas, destinou R$ 37 milhões para aquisição de gêneros alimentícios (perecíveis e não perecíveis), serviços da produção e artesanato de cooperativas e associações ligadas à agricultura familiar, pecuária, piscicultura e carcinicultura.
Mas esse valor faz parte de uma trajetória: em anos anteriores, o programa “Compra Direta” já havia movimentado cerca de R$ 26 milhões no primeiro ano de implantação. Logo também houve registro de quase R$ 9 milhões em compras apenas nos últimos seis meses de 2023.
Além disso, nas unidades de alimentação do Sesc e Senac, o projeto de abastecimento com produtos locais já envolveu R$ 27,8 milhões na aquisição direta de alimentos junto a cooperativas, beneficiando mais de 2.000 famílias produtivas.
Esses exemplos mostram que mais que intenção, existe execução — e que o discurso de “apoio ao agro” já virou prática de fato.
Um caminho para romper com atravessadores
Para muitos produtores, o desafio histórico é encontrar canais de comercialização diretos, que permitam escapar das margens reduzidas impostas pelos atravessadores. Aqui entra o papel da Fecomércio como facilitadora. O credenciamento de cooperativas dá aos agricultores a oportunidade de vender diretamente para o sistema — para restaurantes, cantinas, escolas, unidades do Sesc e Senac, com segurança institucional e previsibilidade de demanda.
Mas não se limita à compra. A Fecomércio, por meio do Senac, oferece cursos de gestão para cooperativas rurais, capacitação em logística, marketing e promoção de negócios, fortalecendo a capacidade das organizações do campo para negociar, planejar e crescer.
Ou seja: não é só “falar bem do agro”, é tornar o produtor protagonista da cadeia.
Dos valores às histórias: crescendo com propósito
Quando se fala em dezenas de milhões de reais movimentados, muitas vezes perdemos de vista o que esses valores representam: vidas fortalecidas, famílias empreendedoras, sabor local no prato de milhares e uma nova dinâmica econômica no interior.
Por exemplo, o programa de aquisição local acabou abastecendo escolas, unidades de alimentação do Sesc e Senac, atividades de gastronomia e eventos institucionais, todas elas comprando direto de produtores e cooperativas, reduzindo intermediários. 
Isso gera uma cadeia de efeitos positivos: produtores com previsibilidade de venda, cooperativas mais estruturadas, economia local que circula dentro da região, menor dependência de fora e incentivo ao uso de práticas mais sustentáveis.
O que ainda pode (e deve) avançar
• Transparência e difusão: muitos produtores sequer souberam destas ações da Fecomércio. É essencial que o sistema amplie a comunicação nas zonas rurais, levando informação até pequenos agricultores.
• Ampliação de escopo: além de gêneros alimentícios, há espaço para que outros insumos do agro, sementes, matéria-prima, manufaturados rurais, possam ser integrados a programas institucionais.
• Aperfeiçoamento de logística e distribuição: para que o produto chegue bem às unidades compradoras, é importante capacitar para acondicionamento, transporte e certificação sanitária.
• Parcerias multissetoriais: integrar bancos, governo, órgãos de extensão rural e instituições de crédito pode ampliar o poder de escala dessas compras.
Conclusão
A Fecomércio-CE já fez mais que discursos: assumiu o papel de agente de transformação para o agro. Ao aplicar valores concretos, dezenas de milhões de reais, em compras diretas de produtores locais e capacitação cooperativista, está abrindo caminhos para que o agricultor deixe de lado as amarras dos intermediários.
Se o produtor quer avançar, conquistar espaço no comércio formal e sair da lógica de depender dos atravessadores, a Fecomércio pode ajudar, porque não está só de conversa: está com a caneta, o contrato e o compromisso.
Diego Trindade é produtor rural, advogado e coordenador do EPROCE. Diretor do Portal AgroMais, também é fundador das iniciativas Agro no Ponto e Agro Otimista, que fortalecem a imagem e os valores do setor. Nesta coluna, compartilha informações exclusivas sobre projetos, acordos e inovações que impulsionam o agro.
Pós-graduado em Direito Ambiental e Agrário (PUC/SP), tem MBA em Economia e Gestão de Negócios (FGV/SP) e LL.M. em Finanças (INSPER/SP). Já atuou no Comitê Tributário da Sociedade Rural Brasileira e foi conselheiro titular do CONAT/CE.