O ministro Carlos Fávaro defende cautela no Plano Clima e descarta qualquer decisão “abrupta” ou “impositiva” sobre as metas climáticas do agronegócio. Segundo ele, o governo e o setor produtivo estão próximos de um consenso, mas o anúncio deve ocorrer após a COP30.
Durante entrevista, Fávaro afirmou que não faz sentido antecipar uma decisão política em um tema técnico. “Se não for anunciado agora, pode sair nos próximos dias ou meses”, afirmou o ministro.
Fávaro busca consenso no Plano Clima
De acordo com Fávaro, o principal impasse do Plano Clima está na metodologia de alocação das emissões setoriais. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) propôs incluir emissões de desmatamento rural nas contas da agropecuária.
Com essa proposta, o setor passaria a responder por 70% das emissões nacionais, superando a energia. Já o Ministério da Agricultura defende um capítulo específico sobre desmatamento, tratando o tema como transformação do solo.
Fávaro reforça que o agronegócio reconhece sua responsabilidade ambiental, mas pede critérios técnicos e justos.
“O desmatamento ilegal é caso de polícia. Não pode ser debitado ao produtor que faz tudo certo”, afirmou.
Agro brasileiro ganha protagonismo na COP30
Durante a entrevista, Fávaro destacou o protagonismo da agropecuária brasileira na COP30. O evento conta com a presença da Embrapa e da AgriZone, espaço dedicado à ciência e à inovação agrícola.
Segundo o ministro, o Brasil é reconhecido pelo modelo produtivo sustentável e pela contribuição científica no combate às mudanças climáticas.
“O mundo vê a proatividade do agro brasileiro e o papel da ciência nessa transformação”, ressaltou.
Além disso, Fávaro lembrou que o Brasil é referência global em biocombustíveis. O país lidera ações de transição energética limpa, o que reforça seu papel como exemplo internacional de sustentabilidade.
Financiamento climático segue desafio global
Fávaro também comentou as negociações sobre financiamento climático, tema recorrente nas conferências da ONU. Ele criticou países ricos que não contribuem financeiramente com os fundos climáticos.
“Todos gostam dos discursos, mas poucos contribuem com recursos reais. É hora de agir, não apenas falar”, afirmou.
O ministro defende que o Brasil faz seu dever de casa, investindo em agricultura de baixo carbono e recuperação de pastagens degradadas. Assim, o país mantém uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo.
Recuperação de pastagens e Caminho Verde Brasil
Fávaro destacou o programa Caminho Verde Brasil, que já recuperou 3 milhões de hectares de pastagens degradadas. A meta é restaurar 40 milhões de hectares em dez anos, com apoio de recursos públicos e internacionais.
Segundo ele, o país tem tecnologia e capacidade técnica para alcançar o objetivo. O Plano Safra investe R$ 7 bilhões por ano no programa, que conta com apoio da Jica (Japão), Reino Unido e Noruega.
“À medida que o mundo demanda mais alimentos e energia, o Brasil acelera a recuperação de áreas. A meta é ambiciosa, mas viável”, destacou.
Plano Clima será construído com diálogo
O ministro reafirmou que o governo mantém diálogo constante com o setor produtivo sobre o Plano Clima. Segundo ele, o agronegócio tem compromisso com práticas sustentáveis, mas decisões precisam nascer do consenso.
“A agropecuária brasileira quer participar da construção do Plano Clima. Este é um governo de diálogo, e será assim até o fim”, concluiu Fávaro.
O anúncio oficial deve ocorrer somente após a COP30, para garantir alinhamento técnico e político entre todos os envolvidos.






