Brasil mira exportações de DDG

Brasil entra na disputa global pelos DDGs

O Brasil iniciou uma movimentação inédita no mercado internacional de DDG e DDGS, coprodutos do etanol de milho usados na nutrição animal. Pela primeira vez, o País passa a disputar um segmento que, até agora, era dominado pelos Estados Unidos. Além disso, o avanço ocorre em um momento estratégico, já que a China demonstra forte interesse em diversificar fornecedores.

Durante anos, os EUA concentraram quase todo o comércio global desses insumos. Apenas em 2024, a China importou 99,6% dos DDGs diretamente dos norte-americanos, movimentando cerca de US$ 65 milhões. Por isso, a entrada do Brasil nesse cenário representa uma mudança importante nos fluxos comerciais internacionais.

China habilita plantas brasileiras e acelera o movimento

Segundo Guilherme Nolasco, presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), há grande apetite das companhias chinesas pelos DDGs brasileiros. Desde maio, quando Pequim autorizou oficialmente a entrada do produto feito no Brasil, delegações estatais e privadas têm visitado unidades nacionais para conhecer a estrutura produtiva.

Em novembro, ocorreram as primeiras habilitações. Cinco plantas brasileiras foram autorizadas a exportar DDGs para a China. Além disso, outras onze unidades aguardam avaliação das autoridades chinesas. Por isso, Nolasco estima que os primeiros embarques devem ocorrer no início de 2026.

Etanol de milho impulsiona a oferta

O interesse chinês coincide com o crescimento acelerado da indústria de etanol de milho no Brasil. O Mato Grosso é o centro dessa expansão. A Conab prevê uma colheita de 54,2 milhões de toneladas de milho na safra 2025/26. Por isso, a produção nacional de etanol e de coprodutos deve continuar crescendo.

No mercado interno, o DDG é disputado pela bovinocultura, suinocultura e avicultura. Entretanto, a oferta disponível encontra limites. As vendas no mercado spot caíram e novos contratos só são negociados para janeiro em diante. Assim, parte do avanço do setor deverá vir das exportações.

Exportações atingem recorde histórico

Dados da Scot Consultoria mostram que os embarques seguem em forte crescimento. Até outubro, o Brasil exportou 714,9 mil toneladas de DDG e DDGS, o maior volume já registrado para o período. Como resultado, houve um salto de 15,9 vezes nas exportações em apenas sete anos, desde 2019. A projeção é de novo recorde em 2025.

Entre os principais compradores estão Turquia (34,7%), Vietnã (28,7%), Nova Zelândia (13,9%) e Espanha (12,2%). Esse cenário reforça a diversificação da demanda global.

Por que a China quer DDG?

Para entender o movimento chinês, é necessário observar sua matriz alimentar. A China é o maior produtor e consumidor de carne suína do planeta. Por isso, depende de uma estrutura colossal de ração baseada em milho e farelo de soja. Contudo, esses insumos apresentam riscos de oferta, volatilidade de preços e pressões geopolíticas.

O DDG surge como uma alternativa que reduz riscos e diversifica as formulações de ração. Ele mantém boa oferta proteica e pode ser usado em suínos, aves e bovinos. Assim, o produto se encaixa em uma política ativa da China de reorganização das cadeias de insumo para reduzir vulnerabilidades externas.

Um relatório recente do Insper Agro Global reforça essa análise. Segundo a instituição, a abertura ao DDG brasileiro faz parte de uma estratégia ampla da China para diminuir sua dependência dos EUA e ampliar segurança logística e comercial.

O tamanho da oportunidade brasileira

Embora a demanda chinesa anual seja de cerca de 7 milhões de toneladas — acima da produção brasileira estimada em 5,5 milhões —, o setor trabalha com metas progressivas. A Unem projeta que entre 20% e 35% da produção nacional poderá ser destinada ao mercado externo sem comprometer o consumo doméstico.

Além disso, o Brasil espera crescer internamente. O Imea estima que a produção nacional possa atingir 6 milhões de toneladas até a safra 2030/31. Entretanto, para consolidar o País como fornecedor global competitivo, será necessário avançar em logística, certificações, inteligência comercial e relações institucionais com mercados estratégicos.

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