EUA Isentam Exportações Brasileiras

Entenda o que muda com a nova tarifa de 50% e quais setores brasileiros escaparam do impacto

A princípio, nesta quarta-feira, 30 de julho de 2025, os Estados Unidos anunciaram oficialmente a imposição de uma nova tarifa de 50% sobre diversas importações brasileiras. A medida, assinada pelo presidente Donald Trump, acendeu o alerta em diversos setores da economia brasileira. No entanto, uma lista estratégica de isenções foi publicada junto ao decreto, preservando setores considerados essenciais para o comércio bilateral e para a estabilidade das cadeias produtivas dos dois países.

Com isso, o impacto para o Brasil, embora expressivo, foi parcialmente mitigado. Diversos produtos – como aço, suco de laranja, aeronaves civis, combustíveis, fertilizantes e minerais estratégicos – foram excluídos da tarifa máxima e permanecerão sendo taxados pela alíquota anterior de 10%.


Aço: o alívio para a indústria cearense

Além disso, o Ceará respirou aliviado com a notícia de que o aço – principal item exportado pelo estado para os EUA – está isento da nova alíquota. A manutenção da tarifa em 10% protege empregos, investimentos e contratos de longo prazo firmados com compradores americanos. O setor siderúrgico local, que já vinha enfrentando dificuldades logísticas e cambiais, agora evita um possível colapso de competitividade.

Além do aço bruto, a lista de isenção inclui produtos derivados como:

  • Ferro-gusa
  • Ferroníquel
  • Ferronióbio
  • Silício
  • Produtos ferrosos esponjosos
  • Reduções diretas de minério de ferro

Ou seja, essa preservação da cadeia metálica garante, também, a continuidade das exportações de minérios estratégicos, muitos deles utilizados pela indústria de alta tecnologia norte-americana.


Aviação civil: setor poupado para não comprometer cadeias globais

Do mesmo modo, a indústria aeronáutica também saiu vitoriosa. Os EUA decidiram isentar todas as aeronaves civis, peças, motores e simuladores de voo. Isso inclui:

  • Tubos e mangueiras para estruturas internas
  • Vidros laminados especiais para fuselagens
  • Painéis elétricos e relógios de instrumentos
  • Assentos e sistemas de iluminação específicos para aviões
  • Equipamentos de navegação e segurança

Ainda mais, esse gesto reconhece a importância da cadeia aeroespacial global e a necessidade de manter o fluxo de componentes entre Brasil e EUA. Empresas brasileiras como Embraer e suas fornecedoras podem continuar suas operações com menos riscos e custos previsíveis.


Energia: petróleo, gás e carvão fora da sobretaxa

Outro setor fortemente beneficiado foi o de energia. O governo dos EUA preservou produtos essenciais para seu parque energético e industrial. Entre os itens isentos, estão:

  • Carvão antracito e betuminoso
  • Gás natural (liquefeito e gasoso)
  • Petróleo bruto
  • Derivados como querosene, parafina e lubrificantes
  • Coque de petróleo e misturas betuminosas
  • Energia elétrica exportada em forma bruta

A presença desses produtos na lista mostra o quanto o Brasil é relevante para a matriz energética global. Além disso, garante a continuidade das trocas energéticas, especialmente via grandes distribuidoras da costa leste americana.


Agricultura e alimentos: alívio para o agro brasileiro

Apesar disso, o agronegócio foi uma das áreas que mais celebrou as isenções. Produtos como suco de laranja (em várias formas), castanha-do-brasil, polpa de madeira e fibras de sisal continuam com a tarifa reduzida. Isso evita prejuízos diretos a produtores do Nordeste, Norte e Sudeste, e mantém viva uma rota de exportação sólida.

Lista de itens agrícolas isentos:

  • Suco de laranja congelado e não congelado
  • Castanha-do-brasil em casca
  • Polpa de madeira e madeira tropical serrada
  • Fios de sisal e fibras da planta Agave

A medida protege, principalmente, agroindústrias familiares e cooperativas que dependem do mercado americano para escoar seus produtos.


Químicos, fertilizantes e madeira seguem com tarifa reduzida

Outro setor preservado envolve produtos essenciais à agricultura e à indústria. Fertilizantes e produtos químicos compõem boa parte das exportações brasileiras que seguem isentas da nova alíquota. Entre os principais itens, destacam-se:

  • Silício de alta pureza
  • Óxido de alumínio (alumina)
  • Hidróxido de potássio
  • Óxidos de estanho
  • Fertilizantes com nitrogênio, fósforo e potássio
  • Compostos organoclorados industriais

Além disso, a madeira tropical serrada e diversos tipos de polpas de madeira – branqueadas, químicas ou mecânicas – continuam com a taxa anterior. Isso favorece produtores da Amazônia Legal e empresas do setor de celulose no Sul e Sudeste.


Cultura, doações e comércio técnico foram poupados

Além disso, na parte cultural e humanitária, os EUA decidiram manter isenção total para materiais informativos e produtos enviados com fins de ajuda. Isso inclui:

  • Livros, filmes, CDs, pôsteres e obras de arte
  • Itens retornados para conserto ou modificação
  • Doações de alimentos, roupas e medicamentos

Esse ponto reafirma o compromisso com a circulação de conhecimento e com ações sociais promovidas por instituições e empresas.


Implicações geopolíticas e comerciais para o Brasil

Embora a medida tenha gerado tensão, a lista de isenções revela um recado diplomático: os EUA ainda consideram o Brasil um parceiro estratégico. As exceções indicam a intenção de preservar relações com setores estruturais da economia brasileira, evitando rompimentos comerciais.

No entanto, analistas apontam que o Brasil deve:

  • Buscar novos mercados para reduzir a dependência dos EUA
  • Investir em acordos bilaterais com Ásia e Europa
  • Reforçar sua política industrial para agregar valor às exportações

O que esperar nos próximos meses

Ou seja, o cenário exige monitoramento constante. Exportadores brasileiros devem:

  • Reavaliar contratos com parceiros norte-americanos
  • Verificar se seus produtos estão realmente na lista de isentos
  • Atualizar estratégias logísticas e fiscais

Empresas que atuam com commodities e produtos semiacabados podem se beneficiar da permanência da tarifa reduzida. Contudo, o risco de futuras sanções exige cautela e articulação política.


Conclusão: uma brecha em meio à crise tarifária

Apesar da tensão inicial, a exclusão de centenas de produtos brasileiros da nova tarifa de 50% demonstra um alinhamento técnico e pragmático entre os dois países. O Brasil, como fornecedor relevante de energia, alimentos, insumos industriais e tecnologia, conseguiu manter espaço estratégico no mercado americano.

Portanto, exportadores devem agora trabalhar com inteligência de mercado, planejamento logístico e monitoramento diplomático. Afinal, a nova tarifa veio para marcar território, mas não para fechar portas completamente.

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