A Região Nordeste se prepara para um salto na produção de etanol de milho, que deve reconfigurar o mercado de biocombustíveis. Esse plano inclui projetos nos estados do Maranhão, Bahia, Piauí e Ceará, que poderão acrescentar até 1,3 bilhão de litros por ano à oferta regional. Hoje, a produção no Nordeste já gira em torno de 2,3 bilhões de litros via cana-de-açúcar.
Panorama e motivação
Atualmente, o etanol na região depende muito do Centro-Sul, especialmente nos períodos entre safras da cana. Com mais etanol de milho, haverá maior autossuficiência regional, menor custo logístico e oferta de subprodutos como DDGS (grãos secos de destilaria), úteis na nutrição animal.
A expansão proposta tem apoio de entidades como o Sindalcool e de executivos do setor, como Martinho Seiiti Ono, CEO da SCA Brasil, que apresentou cenários promissores do Nordeste para os próximos anos.
Expansão nos estados
No Maranhão, a usina de Balsas, recém-inaugurada, poderá dobrar sua produção — atualmente em 450 milhões de litros.
Na Bahia, o projeto da Inpasa em Luís Eduardo Magalhães tem potencial para adicionar 400 milhões de litros anuais.
Outros estados como Piauí e Ceará também estão na mira de investimentos que visam disseminar o etanol de milho no Nordeste.
Potencial e consumo regional
Embora estados como Paraíba ainda estejam avançando, há expectativa de aceleração no consumo de etanol hidratado no Nordeste.
Atualmente, 80 % das vendas concentram-se apenas em seis estados — São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul — enquanto os demais estados respondem por apenas 20 % do consumo nacional. Isso reflete barreiras geográficas e infraestrutura logística.
O etanol de milho no Nordeste surge como solução para ampliar o mercado, reduzir dependência, e gerar competitividade entre estados.
Desafios e tarifas
Um entrave possível é a revisão da tarifa de 18 % sobre etanol importado, vigente desde 2023. Esse tributo ajuda a proteger a produção nacional — especialmente contra importações dos EUA.
Caso a tarifa seja removida, o preço interno precisará ser ajustado para competir, o que pode pressionar margens e tornar fundamental o apoio governamental.
Caminho para o futuro
Para que a expansão tenha sucesso, serão essenciais estímulos públicos, investimento em logística local, incentivos fiscais e marco regulatório favorável.
Além disso, o mercado interno deverá absorver grande parte da produção extra — atualmente, há poucas perspectivas concretas para exportação ou consumo via SAF (combustível sustentável de aviação) em escala regional.
Com essa articulação, o Nordeste pode emergir como um polo alternativo e competitivo na produção de etanol de milho, equilibrando oferta, demanda e desenvolvimento regional.