A recente valorização do dólar tem levantado questionamentos entre exportadores e investidores sobre quando fixar a moeda. Luiz Carlos Pacheco, analista sênior da TF Agroeconômica, ressalta que essa decisão depende de uma análise cuidadosa dos fatores que impulsionaram o câmbio. Ele sugere cautela, indicando que fixar parte dos valores no patamar atual de R$ 6,00 pode ser uma estratégia prudente, com espaço para ajustes futuros, conforme as políticas econômicas domésticas e internacionais.
No Brasil, o principal motor da alta do dólar é o desequilíbrio fiscal. As contas públicas desajustadas levam o governo a aumentar o endividamento para financiar despesas, pressionando os juros e reduzindo a confiança do mercado. Além disso, a inflação é influenciada pela combinação de alta demanda e oferta limitada. Para Pacheco, sem medidas concretas para controlar o déficit fiscal, o dólar dificilmente sofrerá quedas expressivas.
No âmbito internacional, o fortalecimento do dólar reflete políticas econômicas dos Estados Unidos. Desde a eleição de Donald Trump, a moeda americana valorizou-se 6,12% frente ao real, atingindo picos de R$ 6,12 antes de estabilizar em torno de R$ 6,00. A projeção de especialistas aponta uma oscilação entre R$ 5,80 e R$ 6,20 no curto prazo, influenciada por medidas econômicas adotadas por ambos os países.
Pacheco alerta que, no mercado futuro, o objetivo não é acertar o valor máximo do dólar, mas garantir a rentabilidade dos ativos. “Fixar o dólar agora é uma medida prudente. Ainda assim, pode ser vantajoso reservar parte para fixação posterior, aguardando decisões econômicas mais concretas, como as primeiras ações de Trump, que podem alterar o cenário. Os dias próximos e imediatamente posteriores a 20 de janeiro serão decisivos”, conclui.