O mercado global de algodão enfrenta desafios, mas o Brasil se mantém em evidência, consolidando sua posição como maior exportador pelo segundo ano consecutivo, de acordo com dados do Itaú BBA, divulgados no Radar Agro de outubro de 2024. A produção brasileira continua em alta, e, apesar dos obstáculos no mercado externo, a expectativa é que o país sustente o desempenho nas exportações.
O relatório aponta que a produção nacional deve crescer 15% na safra 2024/25, com aumento de 17% na área plantada. A projeção é de 3,7 milhões de toneladas de pluma. Nos Estados Unidos, principal concorrente, a produção também deve aumentar, com um crescimento de 18%, mesmo com o impacto do furacão Helene na região sudeste, o que resultou numa estimativa final de 3,1 milhões de toneladas.
No cenário internacional, os preços estão estáveis e a demanda moderada. A produção global deve alcançar 25,4 milhões de toneladas, um crescimento de 3% em relação à safra anterior, o maior volume desde 2019/20. Entretanto, o consumo global cresce apenas 2%, com os estoques finais aumentando 1%, totalizando 16,6 milhões de toneladas, conforme o USDA.
A China, maior importadora mundial de algodão, projeta uma redução de 40% nas importações para 2024/25, reflexo do crescimento da produção interna e da demanda mais fraca. Este é um desafio para o Brasil, que busca diversificar mercados para compensar a menor demanda chinesa.
Entre agosto e setembro de 2024, as exportações brasileiras para a China caíram mais de 50% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Entretanto, novos mercados como Vietnã e Paquistão estão absorvendo parte do excedente brasileiro. O USDA projeta que o Brasil exporte 2,7 milhões de toneladas nesta temporada, mantendo sua posição de líder global.
O Itaú BBA também destaca que a desvalorização do real em relação ao dólar tem sustentado a competitividade das exportações, mesmo com os preços internacionais do algodão relativamente baixos. A relação entre o preço do petróleo e do algodão também é importante, pois fibras sintéticas, concorrentes da pluma, podem ganhar vantagem se o petróleo continuar em queda.
No Brasil, a produção de algodão pode ser influenciada pelo ritmo da semeadura da soja, que precede o plantio do algodão em algumas regiões. No Mato Grosso, a demora nas chuvas prejudicou a janela ideal para a segunda safra, exigindo atenção. Diante de um cenário global incerto, o Itaú BBA projeta um crescimento moderado da demanda mundial de algodão, em linha com o crescimento estimado do PIB global de 3,2% para 2024 e 2025. Assim, o mercado permanece atento a fatores externos, como a política monetária dos EUA e o comércio internacional, que podem impactar as cotações da pluma em Nova Iorque.