Crescimento das Capivaras Ameaça Agricultores no Ceará
Na cidade de Acarape, as capivaras, grandes roedores herbívoros que vivem em grupos, causaram sérios prejuízos ao destruírem uma plantação de cana-de-açúcar. Já em Maranguape, agricultores estão abandonando o cultivo de milho, feijão, sorgo, cana e até capim para alimentação do gado devido à invasão desses animais.
O problema, que já ganha proporções alarmantes, foi detalhado por um produtor rural de Acarape, cuja fazenda teve o canavial devastado. Ele planejava usar a colheita para produzir cachaça artesanal.
“Este ano, não haverá cachaça porque as capivaras destruíram toda a plantação. Felizmente, tenho estoque suficiente para este ano, mas a partir de janeiro pretendo plantar novamente, pelo menos para começar as sementes”, comentou em áudio compartilhado em uma rede social voltada a agricultores.
Esse produtor, que se apresenta como “empresário rural com CNPJ, certificado pelo Ministério da Agricultura, assistido pelo Sebrae-CE e participante da Pecnordeste”, também relatou seus esforços para proteger a propriedade. “Estamos reforçando as cercas para tentar barrar as capivaras. Já temos trechos com quase 20 fios de arame e estacas colocadas a cada 30 centímetros. Ainda assim, elas encontram outras maneiras de entrar. Estamos aprendendo a conviver com essa situação”, afirmou, mostrando otimismo em relação a 2025.
Enquanto isso, em Maranguape, a situação é igualmente crítica. Um agricultor local relata que muitos produtores desistiram de plantar devido à dificuldade de lidar com as capivaras. “Nas propriedades com açudes, a população de capivaras só aumenta. E o que nos preocupa ainda mais é o que a lei diz: se você matar uma capivara, comete crime ambiental e penal, já que isso indica a posse de arma de fogo”, explica.
Além disso, ele destaca um agravante: a presença de armas na zona rural pode atrair facções criminosas. “Se as facções souberem que você tem arma, podem invadir sua propriedade, roubar e até cometer algo pior caso haja resistência. Estamos em uma situação sem saída: se tentamos proteger, somos penalizados; se não protegemos, perdemos tudo. É o famoso ‘se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come’”, lamenta.
Foto: Kílvia Muniz / SVM