O preço do cacau caiu para o menor nível do ano com o início da colheita na África Ocidental. A região, responsável por mais de 60% da produção mundial, voltou a movimentar o mercado internacional, impactando cotações e decisões políticas em países produtores como Gana e Costa do Marfim.
Cacau sofre queda acentuada na ICE
Antes de tudo, o cacau negociado na ICE de Londres recuou 4,3%, atingindo 4.356 libras por tonelada — o valor mais baixo desde outubro do ano anterior. Ao mesmo tempo, o mercado acumula queda semanal de 10%, refletindo o avanço da safra e o aumento da oferta global.
Além disso, em Nova York, os contratos caíram 4,5%, fechando a US$ 6.216 por tonelada. Assim, o mercado internacional de cacau sinaliza um cenário de baixa consistente, após meses de alta recorde impulsionada por escassez e clima adverso.
Gana e Costa do Marfim aumentam preços ao produtor
Entretanto, enquanto os preços internacionais recuam, os governos africanos intensificam esforços para melhorar a renda dos produtores. O Gana, segundo maior produtor mundial, aumentou em 12% o preço pago ao agricultor para a safra 2025/26, totalizando 58.000 cedis (cerca de US$ 4.640 por tonelada).
Por outro lado, a Costa do Marfim, líder mundial na produção, elevou o preço de porteira em 55,6% em relação à última temporada, chegando a US$ 5.050 por tonelada. Essas medidas buscam conter o contrabando e estimular as vendas locais, protegendo a renda dos pequenos produtores.
Demanda global em desaceleração
Contudo, o lado da demanda também preocupa. Analistas esperam quedas nas taxas de moagem de cacau na Europa, América do Norte e Ásia, indicando um enfraquecimento no consumo global. Essa desaceleração pressiona ainda mais os preços, dificultando a recuperação do mercado a curto prazo.
Ao mesmo tempo, commodities correlatas, como o café e o açúcar, seguem trajetórias distintas. O café arábica teve alta de 3,2% e o robusta subiu 4,6%, impulsionados por negociações comerciais e ajustes de tarifas.
Perspectivas para o mercado de cacau
Portanto, o mercado de cacau enfrenta um momento de ajustes. A colheita abundante na África Ocidental gera oferta elevada, enquanto o consumo global desacelera. Ainda assim, iniciativas locais buscam tornar a cadeia produtiva mais justa, garantindo melhores condições aos agricultores.
Com isso, o cenário para os próximos meses dependerá do equilíbrio entre produção e demanda. Caso os incentivos governamentais surtam efeito, os produtores africanos poderão manter sua renda mesmo com preços internacionais em baixa.