Pecuária americana em crise: cenário histórico e dependência do Brasil
A pecuária americana em crise vive o seu pior momento em mais de sete décadas. O rebanho bovino dos Estados Unidos alcançou o menor número desde 1951, com apenas 87,2 milhões de animais registrados em janeiro de 2024, segundo o USDA.
Além disso, o número de matrizes de corte caiu 2,4%, somando apenas 28,2 milhões de fêmeas. Essa redução drástica resulta de anos de seca intensa, que obrigaram pecuaristas a liquidar rebanhos inteiros.
Seca prolongada e colapso na produção de bezerros
Por esse motivo, a crise compromete a renovação do rebanho. A produção de bezerros caiu 600 mil unidades em 2024. Essa perda afeta diretamente o futuro da cadeia produtiva.
Ainda assim, o impacto mais profundo está no tempo estimado para recuperação: entre 8 e 12 anos, mesmo com boas condições climáticas.
EUA aumentam importações e Brasil ganha espaço
Como alternativa, os Estados Unidos passaram a importar mais carne bovina. Em abril de 2025, o Brasil exportou 48 mil toneladas aos americanos, um salto de 500% em 12 meses.
Apesar das tarifas fora da cota anual de 65 mil toneladas, a carne brasileira continua competitiva. O país se consolida como um fornecedor confiável e necessário.
Concentração produtiva acentua vulnerabilidades
Além disso, a produção de gado está concentrada em cinco estados: Texas, Nebraska, Kansas, Iowa e Colorado. Juntos, eles representam 72% da engorda em confinamento.
Portanto, qualquer evento climático extremo nessas regiões pode comprometer todo o sistema. Essa concentração amplia o risco sistêmico da pecuária americana.
Rentabilidade elevada contrasta com escassez
Curiosamente, a indústria frigorífica americana mantém rentabilidade alta. Com menor oferta e demanda estável, os preços da carne subiram mais de 15% no mercado interno.
Por fim, o cenário revela um paradoxo: enquanto o rebanho diminui, o lucro aumenta. Ainda assim, a recuperação exige inovação, adaptação climática e alianças comerciais estáveis — como com o Brasil.