Hoje, a coluna Mulheres do Agro abre espaço para uma história que ressoa como o vento quente do sertão. Uma narrativa de superação, onde a terra e o amor moldaram o destino de Fabiila Diogenes. Ela, uma filha do Vale do Jaguaribe, dedica-se à bovinocultura e ao queijo, levando a tradição cearense aos cantos mais distantes. Se sente em paz, com o coração cravado na terra que um dia desejou deixar para trás.
#O Início: O Sertão na Alma e a Infância na Pele
Nascida em Limoeiro do Norte e com raízes em Jaguaribara, Fabiila cresceu vendo a oscilação da vida no semiárido. No sertão, as chuvas são festa e o tempo seco, agonia. Filha de pais agricultores, aprendeu cedo que a colheita tem seu tempo e a terra, suas surpresas. A mãe, como que prevendo a dureza do caminho, lhe dizia: “Minha filha, estude. É o que nós podemos deixar pra vocês.”
O peso da infância difícil a acompanhou, e o futuro parecia uma repetição da vida de seus pais: a abundância de uma estação e a escassez da outra. Entre o medo e a esperança, Fabiila desejava fugir e, ao mesmo tempo, sentia-se chamada de volta ao campo.
Foi o amor, aquele sentimento que brota sem aviso, que a reuniu novamente com a terra. Quando conheceu Rodrigo Gregorio, um homem que trazia no peito a paixão pelo sertão e pela pecuária, Fabiila viu o campo com outros olhos. Rodrigo sonhava com uma fazenda e acreditava no potencial do sertão, e foi ao lado dele que ela aprendeu a ver a vida rural como uma nova chance de semear e colher. O amor transformou o destino: hoje, Fabiila não se vê como outra coisa senão produtora rural.
#Um Novo Reencontro: A Virada de Chave
Formada em agronomia, Fabiila seguiu seu caminho profissional em instituições públicas e privadas, sempre buscando novos conhecimentos. Mas foi ao lado de Rodrigo que aprendeu a resignificar a experiência no campo e a transformar memórias de escassez em esperança. Uma propriedade. Um sonho. Uma vontade de fazer dar certo. Aos poucos, o sonho de Rodrigo se tornou o plano deles, e foi aí que Fabiila fez as pazes com sua história. Rodrigo lhe trouxe um novo olhar e, com ele, a cura para feridas antigas.
Hoje, Fabiila não é apenas produtora de queijo, mas também uma verdadeira embaixadora dos sabores do Ceará. Ela leva o queijo de coalho a festivais pelo Brasil, promovendo o trabalho de outras queijarias e fortalecendo o nome do Ceará. Quando falam em queijo de coalho, o nome de Fabiila Diogenes é mencionado com carinho e respeito, não só pela qualidade de seus produtos, mas pela energia que dedica a essa causa.
#O Propósito: Alimentar e Honrar a Terra
Foi quando Fabiila compreendeu o valor do seu trabalho que seu propósito se tornou claro. Durante a pandemia, ela viu como seu queijo levava sustento a tantas mesas. “Eu ajudo a alimentar o mundo,” ela pensou, e ali sentiu a força de sua missão. Perceber o impacto de seu trabalho trouxe um brilho novo em seus olhos. Hoje, ela fala com orgulho do seu papel, certa de que encontrou seu lugar.
#Uma Mensagem para a Fabiila de Ontem
Se pudesse voltar no tempo e conversar com a Fabiila de anos atrás, ela diria: “Não se bloqueie. Resignifique suas feridas. Deixe a vida te surpreender.” E, se encontrasse um gênio da lâmpada, pediria três coisas: uma propriedade sustentável, que sua filha continue o trabalho no futuro, e o reconhecimento para os produtores rurais, esses heróis que levam o alimento à mesa das pessoas.
#A Rede de Mulheres do Agro
Para Fabiila, o agro ideal no Ceará é aquele que valoriza, une e reconhece a importância do produtor rural. Ela encoraja outras mulheres a se aproximarem da rede de apoio do agro. “Conecte-se. Há um grupo que vai te apoiar na jornada, em cada desafio. Sozinha é difícil, mas com outras ao seu lado, o caminho floresce,” ela diz, cheia de carinho por esse movimento de união e fortalecimento.
Hoje, Fabiila se sente completa. É feliz no campo, onde suas raízes estão firmemente cravadas. Seu sonho é o mesmo que plantou ao lado de Rodrigo: construir, fortalecer e ver o agro cearense se expandir com orgulho e respeito.
#Um Olhar Inspirado pela História de Fabiila
Como colunista do Mulheres do Agro, tenho o privilégio de contar histórias como a de Fabiila, que não são apenas relatos de trabalho, mas verdadeiras jornadas de transformação e resiliência. A cada palavra escrita, vejo o poder dessas narrativas em inspirar outras mulheres, que talvez já tenham pensado em desistir, mas que agora podem reencontrar a esperança e a força para seguir em frente.
A história de Fabiila me faz acreditar que o campo é muito mais do que uma profissão; é um lugar de pertencimento, de propósito e de cura. Em sua trajetória, vejo o reflexo de tantas mulheres do sertão que, entre desafios e vitórias, não apenas sobrevivem, mas reinventam a própria história. Fabiila nos ensina que, com união e apoio, qualquer mulher é capaz de transformar seus sonhos em realidade, superar as marcas do passado e investir em seu potencial.
Histórias como a de Fabiila me fazem querer continuar contando cada vez mais sobre essas mulheres, para que a força e a fé que carregam no peito ecoem pelo Ceará e além. Que a jornada de Fabiila inspire outras a acreditarem em si, a se conectarem com uma rede de apoio e a descobrirem que, juntas, somos capazes de moldar um futuro próspero no agro.
Fabii, obrigada por compartilhar sua jornada! Que a sua transformaçāo seja inspiraçāo para outras mulheres. Estamos na torcida pelo seu sucesso!
Juntas, semeamos força e colhemos transformação no agro.
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Esta coluna é escrita por Jakeline Diogenes, representando as mulheres que impulsionam o crescimento do agro, semeando histórias e colhendo o futuro.”