A Efapi do Brasil 2025 reforçou o protagonismo do agronegócio nacional com um evento de alto nível técnico, diversidade genética e grandes oportunidades de negócios. Durante os dez dias de feira, o agronegócio ocupou posição central no Parque Dr. Valmor Ernesto Lunardi, em Chapecó, consolidando o evento como uma das principais vitrines do setor no Sul do Brasil. Qualidade genética e organização marcaram o evento A 22ª edição da feira reuniu mais de 80 expositores em pavilhões temáticos, destacando espécies e raças de alta qualidade. Foram apresentados bovinos de corte e leite, ovinos e caprinos de 19 raças, além de um pavilhão exclusivo para piscicultura com mais de mil quilos de peixes. O agronegócio também esteve representado no Mini Mundo Animal, que encantou famílias com mini-horses e diversas espécies. Além disso, o evento contou com competições que valorizaram o esporte rural e a tradição do campo, como provas de hipismo, Team Penning e o Rodeio Country, com montaria em touros e três tambores. Essas atrações ampliaram o público e reforçaram o vínculo entre cultura e produção rural. Expositores satisfeitos e bons resultados para o agronegócio O secretário de Agricultura e coordenador do agronegócio da Efapi, Mauro Zandavalli, avaliou os resultados como amplamente positivos. Ele destacou que a divisão do evento em duas etapas — gado de corte no primeiro fim de semana e gado de leite no segundo — trouxe mais organização e satisfação para os expositores. A estrutura aprimorada e o público constante garantiram bons negócios e fortaleceram parcerias entre produtores e empresas. Segundo Zandavalli, a qualidade genética dos animais expostos foi um dos grandes diferenciais da edição de 2025. Inovação e tecnologia impulsionam o setor A Efapi também foi palco para empresas de tecnologia apresentarem soluções voltadas ao campo. O estreante André Mallmann, supervisor comercial de uma empresa de automação para manejo de gado leiteiro, destacou o interesse dos visitantes por inovação. “Mesmo sendo nossa primeira participação, tivemos ótimo retorno. O público demonstrou grande interesse por tecnologia aplicada ao agronegócio”, afirmou. Essa abertura à inovação mostra que o agronegócio não apenas preserva suas raízes, mas também avança com investimentos em tecnologia e sustentabilidade. Chapecó consolida-se como referência Com resultados expressivos, alto nível técnico e ampla participação, a Efapi do Brasil 2025 consolidou Chapecó como referência no cenário agro brasileiro. O evento reafirmou o potencial do agronegócio como motor do desenvolvimento regional, conectando tradição, genética de excelência e inovação.
Criação de búfalos cresce no Ceará
A criação de búfalos no Ceará vem ganhando destaque nos últimos anos, impulsionada por um mercado de alto valor agregado e pelas condições climáticas favoráveis do estado. Segundo dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), do IBGE, o rebanho cearense atingiu 1.763 cabeças em 2024, um crescimento de 19,9% em dez anos, consolidando o estado como quarta maior criação do Nordeste e 21ª do Brasil. Crescimento e concentração da criação de búfalos no Ceará A criação de búfalos no Ceará está presente em 38 municípios, mas Paracuru e Pentecoste concentram os maiores rebanhos, com 570 e 270 cabeças, respectivamente. O aumento do rebanho estadual é puxado por fazendas modelo, como a Fazenda Laguna, em Paracuru, referência na América Latina pela qualidade genética e produção de leite de búfala e queijos artesanais. De acordo com Marcelo Prado, diretor da Fazenda Laguna, o foco é expandir a produção de leite em 20% ao ano, atingindo até 5 mil litros diários até 2030. “São produtos de valor agregado, com sabor e qualidade superiores. Nosso objetivo é dobrar a produção de leite nos próximos cinco anos”, afirma Prado. Cenário nacional e posição do Ceará No cenário regional, o Maranhão lidera a bubalinocultura nordestina com mais de 95 mil cabeças, seguido por Bahia, Pernambuco e Ceará. No Brasil, a liderança é do Pará, com 775 mil animais, seguido por Amapá e Amazonas, que juntos somam mais de 1 milhão de búfalos. Apesar de o Ceará ainda ter um rebanho modesto, especialistas apontam forte potencial de expansão devido à adaptação da espécie ao clima semiárido e à demanda crescente por produtos de origem bubalina. Por que o rebanho de búfalos é pequeno no Ceará Para o professor Kilmer Coelho Campos, da Universidade Federal do Ceará (UFC), a criação ainda é tímida por fatores culturais e econômicos. “O Ceará não tem tradição na bubalinocultura. Os produtores estão habituados à bovinocultura e à caprinocultura”, explica. Além disso, os altos custos iniciais, a falta de conhecimento técnico e a dificuldade de comercialização dos produtos são desafios para o crescimento do setor. Mesmo assim, o especialista acredita que há viabilidade econômica, principalmente com o uso das mesmas estruturas da bovinocultura e a adoção de tecnologias de manejo e reprodução. Inovação: fertilização in vitro em búfalos Um dos avanços mais promissores é o projeto de fertilização in vitro (FIV) desenvolvido pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), em parceria com a Fazenda Laguna. O Ceará tornou-se o quarto estado do país a registrar nascimentos de búfalos por FIV, após Pará, Minas Gerais e São Paulo. O projeto busca melhorar geneticamente o rebanho, utilizando óvulos de búfalas de alto desempenho fecundados em laboratório e implantados em fêmeas receptoras. Segundo o professor Vicente Freitas, da Uece, o objetivo é “tornar o Ceará referência nacional em genética e reprodução bubalina”. Vantagens e potencial da bubalinocultura A engenheira agrônoma Patrícia Guimarães Pimentel, da UFC, destaca que o leite de búfala tem mais proteína, cálcio e lipídios saudáveis que o bovino, além de gerar maior rendimento na produção de queijos e derivados. A carne de búfalo também apresenta menor teor de gordura e melhor valor nutricional, sendo muito apreciada na alta gastronomia. Outro ponto positivo é o baixo índice de doenças e a alta eficiência digestiva dos animais, que aproveitam melhor as pastagens e reduzem custos de produção. “Os búfalos são dóceis, adaptáveis e ideais para pequenos produtores. Em todo o mundo, quem investe na bubalinocultura não se arrepende”, afirma a pesquisadora. Perspectivas para o futuro da bubalinocultura no Ceará Com o avanço da tecnologia genética, a ampliação de fazendas especializadas e o crescimento do consumo de derivados de leite de búfala, a tendência é que o Ceará amplie sua participação no mercado nacional. Eventos como o Encontro Brasileiro de Bubalinocultores, previsto para novembro em Fortaleza, devem ajudar a divulgar a atividade, atrair novos investidores e fortalecer a cadeia produtiva. A criação de búfalos no Ceará, portanto, se posiciona como alternativa estratégica e sustentável para diversificar a pecuária e agregar valor à produção rural no estado.