A melancia amarela em Aracati começou a ser produzida em Cacimba Funda, no litoral leste do Ceará. A novidade é uma aposta da Coopades (Cooperativa da Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Solidário). A fruta, originária da Ásia, promete movimentar a agricultura familiar e conquistar espaço nas prateleiras do Estado. Melancia amarela chega ao Ceará Atualmente, a melancia amarela em Aracati é a primeira produção dessa variedade no Ceará. Até então, as frutas consumidas no estado vinham da Bahia. Além disso, a introdução dessa cultura representa um marco importante para os agricultores locais, que buscam diversificação e valor agregado. Diferenciais da melancia amarela De acordo com o presidente da Coopades, José Carlos do Rêgo, a melancia amarela em Aracati apresenta sabor mais doce e textura diferenciada. Apesar de ter peso menor — entre 1,5 kg e 3 kg —, a fruta possui forte apelo junto ao consumidor. Ainda segundo a cooperativa, a última colheita alcançou seis toneladas. Mesmo podendo ser vendida por até R$ 4 o quilo, o produto está sendo comercializado a R$ 1,20 para estimular a experimentação. Degustação como estratégia de mercado Para conquistar novos clientes, a Coopades tem distribuído amostras em pontos de venda. Essa ação começou na PEC Nordeste 2025, quando a fruta foi apresentada ao público e recebeu grande aceitação. Portanto, a degustação tem sido essencial para ampliar a visibilidade da melancia amarela em Aracati. Custos e desafios do cultivo Segundo o agricultor Antônio Braz da Silva, o cultivo da melancia amarela em Aracati exige mais cuidado do que o da variedade tradicional. O milheiro de sementes importadas do Japão custa R$ 620, valor dez vezes superior ao da melancia vermelha. Mesmo com custos altos, a cooperativa acredita no potencial da fruta. Atualmente, 12 agricultores trabalham no plantio em uma área de 8 a 10 hectares. O ciclo produtivo é de cerca de 65 dias, e cada pé produz apenas uma vez. Mercado e perspectivas futuras Com um centro de distribuição em Fortaleza e uma banca na BR-304, a Coopades já tem atraído caminhoneiros de outros estados. Muitos compradores levam a melancia amarela em Aracati para Pernambuco, ampliando o alcance da fruta. Além disso, a cooperativa já estuda novas culturas, como morango, maracujá, pitaya e cacau. O objetivo é diversificar a produção e alcançar mercados maiores, incluindo o setor de exportação. Agricultura familiar fortalecida Atualmente, 133 famílias recebem suporte técnico e financeiro da Coopades para produção agrícola. A chegada da melancia amarela em Aracati reforça a importância da inovação no campo e fortalece a agricultura familiar. Dessa forma, o município desponta como referência em diversificação agrícola no Ceará. A expectativa é que, em 12 meses, a fruta traga lucro e contribua para ampliar a renda local.

A síndrome do murchamento da cana preocupa produtores brasileiros. O setor de cana identificou o fungo Colletotrichum como agente causador da doença, segundo o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). Essa descoberta marca um avanço para a proteção dos canaviais e abre caminho para soluções sustentáveis. Impacto da síndrome do murchamento da cana Atualmente, a síndrome do murchamento da cana afeta cerca de 30% das lavouras brasileiras. Em períodos de seca, as perdas podem chegar a 50% da produção. Além disso, o fungo compromete a qualidade do colmo, deixando-o “fofo” e reduzindo a concentração de açúcares. Consequentemente, a produtividade do canavial e a rentabilidade do setor sucroenergético ficam ameaçadas. Como o Brasil é o maior produtor global de açúcar, os prejuízos têm impacto direto na economia agrícola. Descoberta do patógeno e avanços Agora que o patógeno foi identificado, novas possibilidades de controle surgem. Segundo a diretora de P&D do CTC, Sabrina Chabregas, a definição do agente causal muda o cenário. Ela destacou que a descoberta permite buscar resistência genética, além de desenvolver protocolos de manejo e controle com produtos químicos e biológicos. Portanto, o setor de cana ganha uma oportunidade estratégica para reduzir perdas e melhorar a resiliência dos canaviais. Estratégias de enfrentamento da doença Até recentemente, produtores enfrentavam a síndrome do murchamento da cana de forma empírica. Aplicavam fungicidas sem eficácia comprovada ou realizavam colheitas antecipadas para evitar perdas maiores. No entanto, a partir do diagnóstico preciso, será possível criar métodos mais consistentes de prevenção. O setor aposta também em biotecnologia, como já ocorreu com a cana transgênica resistente à broca. Compromisso do CTC com a produtividade O CTC reforçou seu compromisso público de dobrar a produtividade da cana até o final da próxima década. Para isso, lançou a plataforma Esfera, que reúne especialistas, produtores e pesquisadores em busca de soluções conjuntas. De acordo com o CEO do CTC, Cesar Barros, “agora que sabemos qual é o agente causal, mudamos de jogo”. Ele lembrou que as mudanças climáticas podem estar acelerando o avanço da doença, exigindo respostas rápidas e integradas. Perspectivas para o setor de cana Diante desse cenário, o setor de cana tem a chance de transformar um desafio em oportunidade. A união entre ciência, inovação genética e práticas sustentáveis pode marcar uma nova fase para os canaviais brasileiros. Assim, produtores terão maior segurança para enfrentar doenças, preservar a produtividade e garantir o futuro da cadeia sucroenergética.