A inesperada imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros destinados aosEUA, anunciada em 9 de julho de 2025 e com vigência iniciada em 1º de agosto,representa um choque econômico significativo para o agronegócio do Ceará. EXPORTAÇÕES TOTAIS PARA OS EUA: MAIS DE R$ 3 BILHÕES NO 1º SEMESTRE DE 2025 No primeiro semestre de 2025, o Ceará exportou US$ 556 milhões para os EUA —aproximadamente R$ 3 bilhões —, o que representa cerca de 51% do total exportadopelo estado nesse período.Em 2024, os EUA foram destino de 44,8% das exportações cearenses, totalizando US$659 milhões. SETORES AGRÍCOLAS MAIS ATINGIDOS Produtos com forte presença nas exportações para os EUA (2024): PRODUTOS ESPECÍFICOS DO AGRO AFETADOS IMPACTOS PROJETADOS NA ECONOMIA CONCLUSÃO Tarifaço dos EUA ameaça R$ 3 bilhões em exportações cearenses O “tarifaço” não é apenas uma questão de preços — é um golpe direto em cadeiasprodutivas essenciais do Ceará. O impacto de US$ 556 milhões (≈R$ 3 bilhões) emexportações no primeiro semestre, associado ao peso dos segmentos de frutas, mel epescados, evidencia a urgência de ações imediatas. Este momento exige que o setor agro cearense mobilize soluções estratégicas: desdearticulação política para mitigar a tarifa até aceleração na busca por novos mercados eagregação de valor aos produtos. Diego Trindade é produtor rural, advogado e coordenador do EPROCE. Diretor do Portal AgroMais, também é fundador das iniciativas Agro no Ponto e Agro Otimista, que fortalecem a imagem e os valores do setor. Nesta coluna, compartilha informações exclusivas sobre projetos, acordos e inovações que impulsionam o agro. Pós-graduado em Direito Ambiental e Agrário (PUC/SP), tem MBA em Economia e Gestão de Negócios (FGV/SP) e LL.M. em Finanças (INSPER/SP). Já atuou no Comitê Tributário da Sociedade Rural Brasileira e foi conselheiro titular do CONAT/CE.
Brasil precisa agir no agro
O Brasil precisa agir para manter sua liderança no agronegócio global. No Congresso Brasileiro do Agronegócio, líderes da John Deere, JBS e Bayer alertaram para riscos que podem reduzir a competitividade do país. Segundo eles, é urgente adotar estratégias coordenadas que fortaleçam produção, exportação e inovação. Competitividade e mercados diversificados Além disso, os executivos defenderam que o Brasil precisa agir em três frentes: manter competitividade no campo, diversificar mercados e investir em inovação. Alfredo Miguel, da John Deere, destacou que a reorganização das cadeias de suprimento exige revisão de rotas de exportação, origem de insumos e políticas públicas. Gargalos internos e pressão externa Por outro lado, Márcio Santos, da Bayer, lembrou que o sucesso do agro se apoia em quatro pilares: ambiente institucional sólido, infraestrutura, inovação e profissionalização. Ele alertou que disputas internas podem enfraquecer essa base. Já Larissa Wachholz, especialista em geopolítica, chamou atenção para a pressão da China e dos EUA, reforçando a necessidade de diversificação de parceiros comerciais. Impactos ambientais e barreiras internacionais Ainda mais preocupante, Gilberto Tomazoni, da JBS, criticou as regras ambientais da União Europeia. Segundo ele, essas normas ignoram a captura de carbono dos sistemas tropicais e prejudicam o acesso aos mercados. Ele defendeu apresentar dados técnicos internacionais para contestar restrições e fortalecer a imagem do agro brasileiro. Inovação e cooperação estratégica Por fim, os executivos reforçaram que inovação é essencial. Miguel citou o centro de P&D da John Deere no Brasil, que projeta máquinas adaptadas ao mercado local e já exporta tecnologia. Santos, Tomazoni e Wachholz concordaram que a união de entidades, aliada a uma diplomacia comercial ativa, pode ampliar oportunidades e consolidar a influência do Brasil no comércio global.
Pecém bate recorde e projeta ano histórico
O Porto do Pecém registrou um desempenho impressionante nos sete primeiros meses de 2025. No total, a movimentação geral atingiu 11,3 milhões de toneladas, crescimento de 7% em relação ao ano anterior. Mesmo diante do tarifaço imposto pelos Estados Unidos, o porto mantém ritmo de expansão consistente. Movimentação de contêineres cresce acima da média Além disso, a APM Terminals, responsável pela operação do terminal, movimentou 389 mil TEUs (contêineres de 20 pés) de janeiro a julho. Esse volume representa alta de 38,75% frente ao mesmo período de 2024, quando foram contabilizados 280.368 TEUs. A tendência já aponta para superar o recorde histórico de 500 mil TEUs alcançado no ano passado. Segmentos estratégicos impulsionam resultados Por outro lado, André Magalhães, diretor comercial do Complexo do Pecém, destaca o impacto positivo do e-commerce, da safra de frutas e da cabotagem. A demanda prevista para Black Friday e Natal deve manter o ritmo de alta. O fortalecimento das rotas para a Ásia também impulsiona novas oportunidades de negócios. Diversificação de cargas fortalece competitividade Ainda mais relevante, a diversificação da pauta exportadora inclui algodão, carne, minerais e granito. Projetos estratégicos para a Zona de Processamento de Exportação (ZPE Ceará) ampliam a competitividade e reduzem a dependência de segmentos específicos. Essa estratégia reforça a resiliência frente a oscilações no mercado internacional. Investimentos em infraestrutura e tecnologia Por fim, Daniel Rose, diretor-presidente da APM Terminals Suape e Pecém, afirma que os resultados refletem investimentos contínuos em infraestrutura, aumento da capacidade e implementação de tecnologias avançadas. Esses pilares fortalecem a posição do porto como hub logístico do Nordeste e ampliam a conexão com mercados globais, incluindo a nova rota direta para a Ásia.