O semiárido nordestino possui um dos maiores potenciais inexplorados da agricultura brasileira. Com chuvas entre 400 e 800 mm por ano, supera em volume regiões como Merredin, na Austrália Ocidental, que recebe até 350 mm. Ainda assim, enquanto o Brasil luta por estabilidade, a Austrália dobrou a produtividade do trigo e se tornou referência global em agricultura de clima seco. Comparando clima e desempenho agrícola De fato, os dados reforçam o contraste. Em Merredin, a produtividade do trigo atingiu 2,6 toneladas por hectare. Já no semiárido nordestino, estima-se menos de 1 tonelada. A diferença não está apenas no clima, mas no uso inteligente da tecnologia, da pesquisa e do solo. Entendendo os desafios do semiárido nordestino Atualmente, a região ocupa 12% do território nacional, mas responde por menos de 4% do PIB agropecuário. Boa parte da produção ainda depende de programas como o Garantia-Safra. A ausência de um modelo agrícola moderno limita o desenvolvimento sustentável. O segredo do sucesso australiano Em primeiro lugar, a Austrália investe pesado em pesquisa aplicada. A GRDC conecta produtores, cientistas e agroindústrias em soluções reais e escaláveis.Além disso, a eficiência hídrica virou métrica obrigatória. Cada milímetro de chuva rende até 9,3 kg de trigo. No Brasil, essa eficiência não passa de 3 kg/mm. Soluções práticas adotadas na Austrália O que o semiárido nordestino pode aplicar agora Portanto, o momento exige ação. As principais iniciativas seriam: Transformar o semiárido é possível Consequentemente, diante das mudanças climáticas, o semiárido nordestino deixa de ser um desafio e se torna oportunidade. Cientistas australianos alertam: o clima seco será o novo normal em várias regiões do mundo.Logo, o Nordeste pode liderar a transição para um agro sustentável, eficiente e resiliente.
Encontro dos Produtores Rurais em Morada Nova
Na última sexta-feira, dia 1° de agosto, durante a EXPONOVA, foi realizado o encontro do núcleo do EPROCE no Vale do Jaguaribe. Comparecendo 50 produtores rurais oriundos das cidades de Alto Santo, Iracema, Potiretama, Jaguaretama, Ereré, Limoeiro do Norte, Morada Nova, Madalena, Solonópole, Quixeramobim e Ibaretama.O núcleo do EPROCE no Vale do Jaguaribe é coordenado pelos produtores rurais Moisés Maia e Rodrigo Gregório. Tendo sido organizado e estruturado por Eduardo Júnior – produtor rural e atual Secretário de Agricultura da cidade de Morada Nova. Na oportunidade foram destacadas as ações de apoio aos produtores de leite da ABCZ e Associação Nacional do Girolando. Ambas tendo entregue Ofícios para o Fundo de Investimentos solicitando esclarecimentos e participação na mesa de negociação no tocante a inexplicável redução nos preços em pleno início de verão. Notadamente quando no mês de junho tinha sido publicado no Jornal Diário do Nordeste uma matéria anunciando que haveria em breve aumento no preço. Inclusive com incentivo para expansão no rebanho porque haveria acréscimo da capacidade de produção da indústria. Chico Almir, produtor rural e respeitado líder classista, fez uma exposição do atual cenário. Foi unânime a definição de uma força tarefa para atrair ao EPROCE mais produtores rurais pela consciência da necessidade de união para fortalecimento das demandas. Inclusive não descartando acionar o Ministério Público diante do impacto social que afetará drasticamente os produtores de leite nas cidades do Sertão Central e do Vale do Jaguaribe. O EPROCE segue fiel ao propósito de seu surgimento em janeiro de 2019. Reunir para unir, objetivando defender e fortalecer os produtores rurais.A História ensina que ninguém é forte sozinho. Sendo preciso formar um grupo para ter força consistente e duradoura. Alexandre FontellesSertanejo/Produtor Rural
Do Bode ao Capril
Começar pequeno não limita o crescimento Antes de tudo, é importante entender que a caprinocultura no sertão pode ser uma saída econômica sustentável. A história de Deuli Lourenço, de Quixadá (CE), comprova isso. Com apenas um bode como presente, ela iniciou uma jornada que hoje inspira produtores rurais de todo o Nordeste. Logo no início, Deuli e seu marido decidiram sair da cidade e ir para o campo. A decisão, guiada pela vontade de cuidar dos animais, transformou o futuro do casal. Agregar valor foi o diferencial Com o tempo, Deuli percebeu que só o leite não seria suficiente para viver da criação. Por isso, decidiu investir em conhecimento. Participou de cursos, fez trocas por leite e aprendeu a transformar matéria-prima em produto final. Por exemplo, o queijo Pérola do Sertão se tornou carro-chefe nas vendas. Além disso, doces e iogurtes também compõem o portfólio de mais de 30 produtos derivados. Editais abriram novas portas Para expandir, Deuli foi selecionada em editais como o Mulheres Rurais e o programa da Escola de Gastronomia de Fortaleza. Ambos contribuíram para melhorias na produção e abertura de mercado. Atualmente, ela investe na criação de um novo produto: o queijo “Ouro do Sertão”. Com apoio técnico, seu sonho de vender em grandes redes começa a ganhar forma. Superação e visão de futuro Apesar da escassez de água e das limitações no campo, Deuli segue firme. A caprinocultura no sertão exige resiliência, mas também oferece oportunidades reais de crescimento. Ao conquistar o selo municipal, ela deu o primeiro passo para legalizar e escalar sua produção. Agora, ela sonha em alcançar o mercado nacional sem abrir mão da identidade artesanal. Mulheres no agro: protagonismo que inspira Deuli é exemplo claro de que mulheres no agro transformam realidades. Sua jornada representa inovação, coragem e estratégia no sertão. Com produção diária, dedicação total e qualidade em cada detalhe, ela prova que é possível viver — e não apenas sobreviver — da caprinocultura. Portanto, se você acredita no poder do campo, assista agora à matéria completa no programa Vida de Agro, da TV Portal AgroMais. Comente no vídeo do YouTube e compartilhe essa história.
Tarifaço Ameaça Agro Brasileiro
Tarifaço americano ameaça agro brasileiro e pode causar colapso comercial Embora enfraquecido, o tarifaço americano ameaça agro brasileiro e entra em vigor nesta quarta-feira (6). A medida imposta por Donald Trump atinge 3,8 mil produtos, inclusive do agronegócio. Conforme os dados do Ministério da Agricultura, o impacto recai sobre um setor que exportou US$ 81,7 bilhões aos EUA na última década. Em 2024, o volume alcançou US$ 12 bilhões — um recorde. Crescimento recorde em risco com a nova tarifa de 50% Enquanto o agro brasileiro celebra um salto de 93% nas exportações aos EUA entre 2015 e 2024, o novo cenário impõe barreiras pesadas. A tarifa de 50% ameaça inviabilizar negócios consolidados. Mesmo com a exclusão de 694 itens, como castanhas e fertilizantes, o restante da pauta — sucos, carnes, produtos florestais — continua exposto ao risco comercial. Produtos florestais lideram perdas previstas Segundo estimativas da CNA, o setor florestal pode sofrer perdas significativas. Em dez anos, movimentou US$ 29 bilhões e representou 36% das exportações do agro aos EUA. Com tarifas elevadas, o Brasil pode perder espaço para países como Canadá e Suécia, que já disputam esse mercado. A competitividade brasileira, construída com décadas de investimento sustentável, está sob ameaça. Carnes, café e suco de laranja também estão na mira Enquanto o setor de carnes cresceu 386% na década, agora enfrenta retração. O café, que subiu 137%, também deve perder força. Já o suco de laranja, após recuperação consistente, poderá regredir. Brasil busca alternativas e prepara resposta à OMC Diante desse cenário, o governo Lula articula medidas emergenciais. A estratégia inclui o acionamento da OMC e a busca por novos mercados. Embora o momento exija urgência, o país ainda possui margem para reagir. A resposta determinará se essa ruptura será pontual ou marcará uma mudança duradoura na geopolítica do agro.
Lula convida Trump à COP30
Lula responde tarifa dos EUA com convite à COP30 A princípio, como reação ao tarifaço de 50% anunciado pelos Estados Unidos, o presidente Lula afirmou que pretende convidar Trump à COP30. O evento, que acontecerá em Belém, servirá como palco para discutir o clima e as tensões comerciais entre os países. Durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), Lula reforçou que não telefonará para Trump. Em vez disso, preferirá a exposição pública do debate climático como forma de resposta diplomática. Críticas às tarifas e defesa do Pix Para justificar as tarifas, o governo americano alegou práticas desleais do Brasil, citando o uso do Pix. Lula rebateu, afirmando que o sistema de pagamento é gratuito, eficiente e revolucionário. Em tom irônico, o presidente sugeriu que Trump deveria experimentar o Pix. Disse ainda que o lobby das operadoras de cartão teme sua expansão, já que o sistema pode eliminar intermediários financeiros. Exportações ameaçadas por medidas arbitrárias Como reflexo direto das tarifas, setores como a fruticultura demonstram preocupação. Segundo a Abrafrutas, frutas como melão, mamão e manga estão prontas para exportação, mas correm risco de perda. Representantes do setor pediram ao governo a postergação das tarifas e maior apoio aos pequenos produtores, que serão os mais afetados. Brasil recorrerá à OMC e defende soberania Para conter os impactos econômicos e sociais, Lula prometeu acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC). Além disso, propôs um plano emergencial para proteger empregos e empresas brasileiras. Segundo ele, é preciso união entre o governo e empresários. Destacou também que a soberania nacional está em jogo diante das interferências externas e ataques econômicos. Conclusão: diálogo climático como estratégia Portanto, convidar Trump à COP30 representa mais que um gesto político. Trata-se de uma estratégia para reposicionar o Brasil como liderança global em sustentabilidade e comércio justo.